domingo, 18 de dezembro de 2011

BROTOEJAS E PEDRADA NA VIAGEM A GUARAPARI

Era para ser uma viagem emocionante. E foi! Em 1979, eu trabalhava meio período e estava começando o terceiro ano da faculdade. Para variar, a grana era prá lá de escassa naqueles tempos. Aos quase 20 anos, eu nunca havia ficado mais que algumas horas em alguma praia, que só visitava na condição de autêntica farofeira. Foi aí que a Bete, minha amiga de muitos anos, convidou-me para ir com sua família para Guarapari, onde ficaríamos num hotel por 9 dias. Nove dias!!! Não resisti, apesar de não ter um tostão guardado para uma ocasião dessas. Juntei uns caraminguás, compramos passagem de ônibus e seguimos por longas horas, num destino a 900 km de S.Paulo. Lá na praia, tudo era novidade para mim: as areias pretas, acordar e ir dormir sem ter que ir embora daquele lugar tão gostoso, os passeios, ... até a comida do hotel, que não era tão grande coisa, mas como eu era muito esfomeada, comia muito. Parecia que tinha voltado de uma guerra. Até que, por não usar protetor solar (acho que usava bronzeador para queimar mais), comecei a sentir uma coceira dos braços. Conforme eu coçava, minha pele ia ficando vermelha e as brotoejas iam aparecendo e se espalhando. Um horror! Depois de 5 dias, eu já não aguentava mais e ainda ficaríamos ali por um tempinho. Foi difícil esperar, embora eu ainda tivesse alguma esperança de a coisa melhorar. Mas, que nada! Só piorou. Foi espalhando pelo pescoço, costas, apareceu na barriga, nas pernas, ... Na volta, no ônibus, combinamos, a Bete e eu, de revesarmos a janelinha. Aí percebi que minha falta de sorte ainda não tinha acabado. Assim que trocamos, e era eu que ficaria na janela, uma pedrada acordou-me do primeiro cochilo que conseguira tirar. O vidro estilhaçou-se todo e entrou na minha roupa, nas minhas orelhas, ... E, pior, com o vento que entrava, não dava mais para ficar ali no banco. Resultado: como não havia nenhum banco vago, terminei a viagem sentada nos degraus do ônibus, ao lado do motorista, que nem simpático foi comigo. Ninguém, absolutamente ninguém, dispos-se a me ceder, ainda que temporariamente, uma poltrona para que eu descansasse um pouquinho. Uma solidariedade !!!!
Na volta, somente alguns dias depois, com o tempo mais fresco, é que as brotoejas começaram a secar. O resultado não foi o bronzeado tão sonhado, lógico, mas o alívio de sentir a coceira passar foi fantástico.  Eu adorava ficar arrepiada de frio. Já os estilhaços de vidro ainda saíram da minha orelha por uma semana. Não sobraram sequelas, só a frustação do bronzeado que não obtive, além do extremo cuidado que tive daí em diante com minha falta de melanina. Já o custo da viagem, que paguei depois, foi um mês inteirinho do meu salário que acabara de receber. Nem sei como consegui grana para sobreviver até o salário seguinte. Ô dureza!!

A HISTÓRIA DA CARLOTA

 A Carlota chegou às nossas vidas em setembro de 2008. Foi uma sequência de acasos com um final inesperado e vitorioso, graças à obstinação dessa criaturinha.

Ao ir para o trabalho, eu pegava o metrô na estação Sumaré, onde eu via vários gatinhos que ficavam perambulando por ali. Uma noite, enquanto aguardava que meu pai chegasse para me dar uma carona de volta para casa, notei uma gatinha que mancava, junto aos outros. Fiquei com pena e resolvi resgatá-la para dar à minha sogra, já que a Charlote morrera pouco tempo antes. No resgate da Carolina, a manquinha, fiquei sabendo que quem cuidava de mais de 20 gatos por ali era a Dona Masako, um doce de criatura que se entrega à missão de salvar o maior número de vidas que ela consegue, naquela região.

Foi contando a história da Carolina para o Rafael. que ele perguntou se tinha mais gatinhos como ela por lá, que ele pretendia adotar para fazer companhia às suas outras duas gatas. Pedi, então, à Dona Masako, que escolhesse um gatinho que precisasse mais desesperadamente de sair das ruas. Imediatamente, Dona Masako lembrou-se da Carlota, que nem nome tinha, uma gatinha que fora castrada, perdendo os filhotes que esperava e foi devolvida às ruas, por não ter nenhum adotante que a quisesse. Nas ruas, seu "endereço" era embaixo de um viaduto, em Pinheiros, próximo à Av.Sumaré, de onde a Carlota não se afastava, esperando pelo seu destino.

Quando meu pai chegou com a Carlota na minha casa, que seria seu lar provisório, a primeira providência dessa hóspede foi fazer xixi na minha cozinha inteira, tão desesperada ela ficou com o lugar estranho onde chegara. E, antes de doá-la ao Rafael, decidi levá-la ao veterinário e fazer exames de possíveis doenças transmissíveis às outras gatas dele. E qual não foi nossa tristeza ao saber que ela era portadora de FELV! Quando os gatos têm esse vírus, que não contamina o ser humano, eles têm de ser "filhos únicos". Aí não tive escolha senão destiná-la à minha mãe, único lugar para onde eu poderia levá-la, já que não poderia ficar junto das minhas gatas.

Mesmo a contragosto, minha mãe teve de aceitá-la. Mas, duas semanas após sua chegada, minha mãe ligou-me dizendo que a Carlota estava comendo a areia da bandeja e estava muito fraca. Liguei para nossa veterinária, a Dra.Helena, que nos orientou a levá-la ao Pronto Socorro, pois ela certamente estava com uma anemia severa. Foi o que fizemos e descobrimos que ela tinha uma doença transmitida pela pulga, que a estava matando rapidamente. No Pronto Socorro, a veterinária que cuidou da Carlota achou, inicialmente, que ela não sobreviveria, dada a rapidez com que a Carlota foi enfraquecendo. Numa de nossas visitas, ela explicou que estava impressionada com o estado de fraqueza em que ela chegou, ao mesmo tempo em que via os sinais de que a Carlota lutava desesperadamente para sobreviver, o que era constatado pelo seu exame de sangue. E tanto lutou, que sobreviveu. Seu caso ficou famoso no Hospital veterinário.

Mais tarde, minha mãe contou que fizera uma promessa para São Francisco de Assis que, se a Carlota sobrevivesse, ficaria com ela, idéia que ela rejeitava até aquele momento. Quando voltou para casa, ainda teve de tomar um remédio durante um mês, coisa que meus pais faziam muito sem jeito, mas que conseguiram dar conta.

Tempos depois, foi muito bom chegar à casa deles e ver os três juntos assistindo TV. A Carlota não ficou mais doente e pode ser até que tenha derrotado o vírus da FELV, de tão forte que está agora. Ainda não repetimos o exame porque ela detesta sair de lá. É só ver a gaiolinha que entra em pânico. Também, né, depois de finalmente conseguir um lar carinhoso, não é nada bom se arriscar a perdê-lo!! Essa deu um duro danado para conseguir esse cantinho para viver!

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

QUER SER UM BOM EXEMPLO?

Sempre fiquei incomodada ao ver cães e gatos abandonados ou  cavalos magros puxando carroças lotadas sob chicotadas, coisas que eu via desde pequena, morando na periferia de São Paulo. Sem falar na tristeza ao ver pássaros em gaiolas, touradas, utilização de animais em circos ou rodeios, e tantas formas de torturas inventadas pelo ser humano para seu entretenimento.
 
Mas, apesar de sentir pena, eu achava que era um problema meu, já que isso acontece desde sempre. Pelo menos, era o que me diziam: “É, mas fazer o quê, com tanto problema no mundo?” Realmente, o mundo tem muitos problemas, muitos de difícil solução. 
Bom, aí veio a Internet e todas as suas tão infindáveis possibilidades, dentre tantas a de descobrir que eu não era a única a me incomodar com a forma como os animais são abandonados e maltratados. Antes da Internet, se eu ameaçasse falar da minha preocupação com os animais, eu ouvia o clássico: “e com as crianças, você se preocupa?” Ainda ouço isso, mas agora sei que o problema não é comigo e sim com a falta de informações e de reflexão por parte dos supostos críticos. As pessoas que se interessam por ter animais, cães ou gatos, automaticamente pensam em comprá-los, de preferência aqueles considerados “de raça”, sugerindo, assim, necessidade de ostentação. Por outro lado, existem milhares de animais abandonados pelas ruas, e um enorme número de abrigos de pessoas que, mesmo sem recursos financeiros,  por compaixão dos bichinhos, acabam por acolhê-los. A falta de informação e o raciocínio limitado, que a maioria das pessoas dedicam ao assunto, criam um cenário no qual as pessoas que têm compaixão e refletem sobre o motivo pelo qual é mais do que justificável se importar com os animais, são moralmente violentadas, quando suas motivações tão racionais quanto emocionais são desqualificadas com argumentos de rebuscamento vulgar.

Cães e gatos são deixados às suas portas, de “raça” ou não,  e essas pessoas verdadeiramente altruístas, acolhem-nos por não verem outra solução, embora sempre já estejam muito, muito acima de suas possibilidades. Esses assim chamados protetores de animais normalmente não têm sequer como manter a si próprios, mas acolhem os bichos dependendo exclusivamente das doações que pedem e por elas esperam na maior angústia, pois, se não vierem, terão de conviver com animais passando fome, sem poder tratá-los, haja vista que a maioria é deixada em abrigos em estado deplorável. Nem é preciso dizer que receber ajuda financeira, num mundo onde há tanto trambique, é coisa complicada. Aliás, ninguém critica colecionadores das mais diversas tranqueiras, mas se você disser que ajuda abrigos de animais, dizem que a prioridade é o “ser humano” (?!). 

Voltando aos abrigos, não é difícil imaginar, também, que, embora o que esses protetores mais queiram é que apareçam adotantes, pessoas que, ao invés de COMPRAR um cão ou gato num Pet Shop, procurem nos abrigos por um novo amigo, os adotantes são raríssimos. Há uma regra entre os protetores que os animais devem doados após serem tratados, vacinados e castrados, já que um animal não castrado pode dar origem a milhares de outros animais. Já os “Pet shops” não têm essa preocupação, pois castrá-los diminuiria o lucro/unidade. 
Acredito, na melhor das hipóteses, que quem compra um animal, por realmente gostar de animais e não para ter mais um objeto de consumo a ostentar, não tenha noção da possibilidade de adotá-lo num abrigo ou nem cogite tirar um da rua, prática não corrente em nossa sociedade, por falta de informação e conseqüente reflexão. Ninguém pega uma doença se tiver práticas higiênicas ao recolher o animal. O fato é que os abrigos só são lembrados para DESOVA de animais. “Quer se livrar do bicho? Eu conheço uma velhinha que “pega”!!!!! E aí a prefeitura cai em cima do protetor, pelo excesso de animais, não causado pelo protetor mas pelo abandono, tanto daqueles que descartam os bichos que compraram, quanto do Poder Público, ineficiente no controle populacional através de castrações e doações responsáveis.

Pessoas que recolhem animais abandonados estão prestando um serviço ao Estado, que deveria ser responsável por elaborar políticas públicas para os animais domésticos, já que todos os animais são tutelados pelo Estado, conforme determinado pela Constituição Federal.  E não poderia ser diferente, já que o acolhimento de animais é SANITÁRIO, pois tanto se fala que é um perigo pegar doenças de animais, ainda mais se eles estiverem doentes nas ruas e as sujando; também, e talvez até de mais importância a ser destacada, é que  esse trabalho dos protetores é também EDUCATIVO, uma vez que claramente ensina, sobretudo aos jovens, a importância de se ajudar o outro, sejam pessoas ou animais em estado de sofrimento. É não se divertir com o sofrimento alheio. É não desmerecer a vida do outro. É uma aula para como se tratar as pessoas. Trata-se verdadeiramente de uma cultura de paz e não violência, de demonstração da compaixão e do acolhimento... e também do não julgamento do outro pela "raça", cor ou sexo. 

Se é possível conseguir adotantes para animais, com uma política conjunta de castração e proibição de comércio, por que continuar com o extermínio nos CCZ’s, cujas mortes acontecem de forma violenta e indiscriminada?
Quando saem notícias nos jornais de que o mercado PET cresce tanto, enquanto os abrigos estão cada vez mais lotados, fico pensando no que é a falta de informação, culpa de nossa imprensa tão desinformada e incompetente: sempre que aparece alguma matéria no jornal, é sobre “artigos de luxo” para poodlezinhos de madames, que usam o colar tal, que custam milhares de reais, deixando as pessoas, que não gostam tanto de bichos, indignadas porque os bichos vivem melhor que as crianças. Lógico! Até eu me incomodo quando o bicho representa um gasto absurdo mensal, até porque o cachorro não está nem um pouco interessado nisso. Quando vejo empregadas passeando com cães aqui no meu bairro classe média, tenho certeza que o patrão gasta mais com o cachorro do que com a empregada !!!! Mas isso já foi assunto de outra postagem neste blog.
Se você, leitor, ainda achar que quer um cão ou um gato “de raça” (olha o holocausto aí, gente!), saiba que esses coitados estão propensos a muito mais doenças, dado o cruzamento entre famílias, para tornar a raça “pura”. Vira-latas, como nós todos somos, são fortes, inteligentes, não precisam da tosa “da raça” (estão sempre prontos!), fiéis, até heróis e, ainda assim, são melancolicamente rejeitados!!!!!
Por isso, caro leitor que aqui chegou, quando pensar em ter um bichinho, ou souber de alguém que esteja pensando no assunto, recolha um animal abandonado ou procure num abrigo. São inúmeros. Você fará um ótimo negócio, pois o bicho será gratuito. Não custa tanto ser racional. Você pode tornar o mundo menos cruel e dar um grande exemplo a seus filhos, aos vizinhos, ao cunhado, ...

sábado, 19 de novembro de 2011

QUANTO CUSTA COMPRAR E MANTER UM CARRO

O transporte público em São Paulo, os ônibus, são uma porcaria, o preço é um absurdo, os motoristas dirigem mal, os pontos de ônibus não têm informações sobre os roteiros de cada linha, muito menos há equipamentos que informem quanto tempo falta para cada linha chegar ao ponto, coisa comum em países desenvolvidos. Por isso, quem pode, compra um carro. Ou dois. Ou três. Só depende da quantidade de garagens de que dispuser cada família. Muitos dizem que usariam o transporte público, caso tivesse qualidade. Mas acho que a situação é inversa: enquanto a classe média formadora de opinião, que sabe reclamar, não for obrigada a usar os ônibus, já que não haverá metrô suficiente durante muito tempo, ainda, não haverá nenhuma melhora. Assim, com o objetivo de pelo menos ajudar a fazer as contas, cito, abaixo, os gastos que envolvem a posse de um veículo. Feitas as contas, resta a alternativa de usar os táxis, gerando emprego e renda a esses valorosos profissionais, que não deixam de ser interessantes para uma conversa animada.
Custo da posse de um veículo:
a) o preço do carro;
b) combustível, adulterado ou não;
c) manutenção mecânica;
d) seguro;
e) garagem, se morar em prédio (lembre-se que, mesmo sua, você pode alugá-la, se não usar);
f) estacionamento;
g) IPVA;
h) seguro obrigatório;
i) licenciamento;
j) taxa de inspeção veicular;
k) multas (dependem do motorista);
l) consertos em casos de batidas eventuais;
m) zona azul;
n) lavagem;
o) depreciação do veículo.

Faltou alguma coisa?

O PROFESSOR DE CONTABILIDADE

Sempre estudei em escola pública. Em 1972/3, nas 7ª e 8ª séries, a oportunidade de ter sido aluna do Professor Renaldo Gardenghi determinou muito do que eu seria a partir daquela experiência. Nessa época, por acaso na época da ditadura, havia um projeto de profissionalização dos estudantes de escolas públicas, fato que me ajudou até a conseguir emprego com mais facilidade, não só por aprender contabilidade, mas também por uma cartinha que ele nos ditou numa aula. Pensando em nos ajudar, quando fôssemos procurar um emprego, ele elaborou, naquele mesmo momento, um texto; mandou-nos pegar uma folha de sulfite e ir copiando. Lá fui eu, tentando caprichar na estética do papel, sem linhas. Ele, enquanto elaborava e ditava a carta, foi percorrendo mesa a mesa e nos observando. Ao final, veio em minha direção, sem vacilar e sem pedir licença, pegou minha carta e foi mostrando para cada aluno como ele esperava que a carta tivesse sido escrita: estética, margens, letra bonitinha, capricho. Enquanto mostrava a carta, ele a chacoalhava e eu fui ficando tensa porque o papel estava ficando amassado! Hoje, não só recordo com detalhes de tudo isso, como sei que o parágrafo final deve ter me ajudado muito. Guardado na memória, tive oportunidade de usá-lo e consegui mais de um emprego com essas palavras. "Tendo boa vontade, aliada a um grande amor ao trabalho, tenho certeza de que, se aproveitada, tornar-me-ei o mais breve possível, depositária da estima e confiança de meus superiores." Quando "fui aproveitada", esforcei-me para provar que não tinha mentido, apesar da frase não ter sido criada por mim. Mas sempre é tempo de apresentar a referência bibliográfica e render-lhe os créditos.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

A LATA DE REFRIGERANTE DO DOUGLAS

Foi há mais de 10 anos. Guarujá. O Rafael levara um amigo para o fim de semana na praia: o Douglas, um gordinho bem simpático. Fomos, então, O Rafael, o Douglas, o Victor e eu, por acaso quatro filhos únicos, coisa que nem sequer vem ao caso,  andar pela orla da praia. Viciado em refrigerante, o Douglas tratou logo de comprar o seu. Aí, despretensiosamente, já que acabara de tomá-lo, o nosso amigo gordinho não hesitou: jogou a latinha vazia para o alto e para trás. O intrépido alumínio caiu no asfalto, provocando um som instigante. O Rafael, incomodadíssimo com a atitude do amigo que trouxera àquele espaço público, não se conteve: parou, colocou a mão na cintura e resmungou: "Pô, cara. Olha o que você fez NA FRENTE DELA!!!"
Ou seja, para minha total desilusão, o que estava errado era o fato de a lata ter sido jogada na rua na minha presença!!!. De qualquer forma, uns com mais, outros com menos boa vontade, providenciamos um destino adequado para a latinha.

Tenho certeza de que, hoje, nem o Rafael, nem o Douglas, homens feitos a esta altura, jamais repetiriam a cena. Mas, andando pelas ruas, frequentando pontos de ônibus, assistindo reportagens sobre enchentes, não é difícil constatar que pouca coisa mudou na atitude das pessoas quanto ao destino do lixo que cada um produz, em consequência de suas nobres existências!!! Num mundo em que há cada vez mais urgência em sermos todos responsáveis pela quantidade e destino do lixo que produzimos, dando o destino adequado, é triste constatar que ainda se joga qualquer coisa em qualquer canto.

BRASILEIRO RECLAMA DE QUÊ?

Diferentemente das outras postagens, não elaborei a lista e conclusões, abaixo. Recebi este desabafo, através de e-mail. São listadas várias "pequenas" corrupções e transgressões, que muito contribuem para a desorganização da sociedade. Algumas em consequência da má organização do Estado, outras que não causariam mal maior à sociedade,  mas que não deixam de demonstrar que há muita conivência com o não cumprimento das regras, leis e normas, que são feitas justamente para organizar a vida em sociedade. Acredito que valha a pena refletir sobre essas questões. Essa conivência, ou "jeitinho brasileiro" precisa ser reconsiderada.


"O Brasileiro é assim:

  1. Coloca nome em trabalho que não fez.
  2. Coloca nome de colega que faltou em lista de presença.
  3. Paga para alguém fazer seus trabalhos.
  4. Saqueia cargas de veículos acidentados nas estradas.
  5. Estaciona nas calçadas, muitas vezes debaixo de placas proibitivas.
  6. Suborna ou tenta subornar quando é pego cometendo infração.
  7. Troca voto por qualquer coisa: areia, cimento, tijolo, e até dentadura.
  8. Fala ao celular enquanto dirige.
  9. Usa o telefone da empresa onde trabalha para ligar para o celular dos amigos
  10. Trafega pela direita nos acostamentos num congestionamento.
  11. Para em filas duplas, triplas, em frente às escolas.
  12. Viola a lei do silêncio.
  13. Dirige após consumir bebida alcoólica.
  14. Fura filas nos bancos, utilizando-se das mais esfarrapadas desculpas.
  15. Espalha churrasqueira, mesas, nas calçadas.
  16. Pega atestado médico sem estar doente, só para faltar ao trabalho.
  17. Faz "gato " de luz, de água e de tv a cabo.
  18. Registra imóveis no cartório num valor abaixo do comprado, muitas vezes irrisórios, só para pagar menos impostos.
  19. Compra recibo para abater na declaração de renda para pagar menos imposto.
  20. Muda a cor da pele para ingressar na universidade através do sistema de cotas.
  21. Quando viaja a serviço pela empresa, se o almoço custou 10, pede nota fiscal de 20.
  22. Comercializa objetos doados nessas campanhas de catástrofes.
  23. Estaciona em vagas exclusivas para deficientes.
  24. Adultera o velocímetro do carro para vendê-lo como se fosse pouco rodado.
  25. Compra produtos pirata com a plena consciência de que são pirata.
  26. Substitui o catalisador do carro por um que só tem a casca.
  27. Diminui a idade do filho para que este passe por baixo da roleta do ônibus, sem pagar   passagem.
  28. Emplaca o carro fora do seu domicílio para pagar menos IPVA.
  29. Frequenta os caça-níqueis e faz uma fezinha no jogo de bicho.
  30. Leva das empresas onde trabalha, pequenos objetos, como clipes, envelopes, canetas, lápis... como se isso não fosse roubo.
  31. Comercializa os vales-transporte e vales-refeição que recebe das empresas onde trabalha.
  32. Falsifica tudo, tudo mesmo... só não falsifica aquilo que ainda não foi inventado.
  33. Quando volta do exterior, nunca diz a verdade quando o fiscal aduaneiro pergunta o que traz na bagagem.
  34. Quando encontra algum objeto perdido, na maioria das vezes não devolve. (Vive na base do"achado não é roubado, quem perdeu é relaxado").

E quer que os políticos sejam honestos....

Escandaliza-se com o mensalão, o dinheiro na cueca, a farra  das passagens aéreas...

Esses políticos que aí estão saíram do meio desse mesmo povo, ou não?

Brasileiro reclama de quê, afinal?

E é a mais pura verdade, isso que é o pior! Então sugiro adotarmos uma mudança de comportamento, começando por nós mesmos, onde for necessário!

Vamos dar o bom exemplo!
Espalhe essa idéia!

"Fala-se tanto da necessidade deixar um planeta melhor para os nossos filhos e esquece-se da urgência de deixarmos filhos melhores (educados, honestos, dignos, éticos, responsáveis) para o nosso planeta, através dos nossos exemplos...."


Colhemos o que plantamos! A mudança deve começar dentro de nós, nossas casas, nossos valores, nossas atitudes.
"
(autor desconhecido)

domingo, 23 de outubro de 2011

O QUE REPRESENTA O IMPOSTÔMETRO?

Nossa imprensa se ocupa, com frequência, de divulgar dados do "Impostômetro" da Fiesp, mostrando seus números, como se representassem algo de relevante importância. A cara dos apresentadores de telejornais, de desconforto, surpresa, com a quantidade de algarismos citadas, é enigmática. Afinal, o que significa dizer o quanto se paga de impostos, em termos nominais? Ou mesmo, o que querem nos informar com os cálculos de quantos dias por ano é necessário trabalhar para pagar impostos? Penso que de trata de perigosa desinformação. Pagar impostos, num estado democrático, em que as pessoas pretendem circular pelas ruas e não viver penduradas em árvores,  é imprescindível, necessário, obrigatório, inexorável. Todos querem ter ruas asfaltadas, segurança, redes de água, esgotos, transporte, saúde, educação, tudo fornecido pelo Estado,  mesmo com as deficiências evidentes na prestação desses serviços, tal como prestados. O Estado, tal como constituído, não tem como existir sem os recursos provenientes dos impostos, que os cidadãos, que criaram esse Estado, pagam. Não existe alternativa. Quando algum iluminado resolve dizer que a sonegação é uma forma de contestar a qualidade da prestação desses serviços, argumento apresentado à exaustão na mídia, é porque quase ninguém entende a distinção entre Estado e Governo. Questionam-se os impostos pagos ao Estado, sem perceber que o que tem de ser indagado, fiscalizado, cobrado, é o Governo eleito, que gere tão mal esses recursos, considerando as assombrosas somas desviadas na corrupção instalada. O Estado continuará existindo, mas o Governo pode e deveria ser constantemente mudado, vigiado, acompanhado. Ao invés de blasfemar contra a fúria arrecadatória do Estado, por que o indignado cidadão não usa toda essa energia para escolher melhor seus representantes? E, mesmo depois de escolhidos, por que não existe uma vigilância, hoje possível, com dados disponíveis até na própria Internet, do que cada um está fazendo e suas consequências? Com um mínimo de vigilância, não haveria a possibilidade de figuras tão ignorantes, mal intencionadas, sendo reeleitas indefinidamente. Democracia e cidadania dão muito trabalho, mas seu exercício é a única solução para o fim da sonegação e da corrupção, pragas que não deixam as sociedades desiguais saírem dessa condição! O problema é que os jornais não podem "entediar" o espectador, senão os patrocinadores não vão gostar. Com a palavra, o cidadão-espectador!

MADONNA, A CACHORRA

A Madonna foi uma legítima vira-lata, que fez parte da vida de muitas pessoas que trabalharam na Av.Santa Marina e que deixavam seus carros no estacionamento em frente ao INSS. Apareceu, como todo vira-lata abandonado, não se sabe de onde. Era adulta, inteligente e treinadíssima. Aprendeu logo que, se recebesse as pessoas que acabavam de estacionar, podia ganhar carinho. E fez o trabalho com alegria, uma alegria contagiante que só os que nascem para serem felizes e transmitir felicidade, podem fazê-lo tão bem. Para a Madonna, não havia dia de tristeza. Eu é que vivia preocupada de tanto vê-la atravessar a rua movimentada, tanto na atividade de acompanhar as pessoas, quanto apenas para distrair-se indo de mão em mão. Tentei, por muito tempo, conseguir que alguém a adotasse, pois sei que o trânsito, mais dia, menos dia, iria feri-la ou matá-la, não tinha jeito. E mesmo sabendo que a Madonna, na condição de vira-latas sem dono, tinha muito mais, tanto em carinho quanto em comida, que seus semelhantes virinhas abandonados. De qualquer forma, como sempre, não consegui adotante. Pessoas, que poderiam tê-lo feito, preferiram comprar filhotes em pet-shops, como sempre acontece, tirando as poucas oportunidades que conheci de que a Madonna pudesse finalmente ter um lar. Até que, um dia, chegando ao estacionamento, não a vi. A dona desse estabelecimento, supostamente a pseudo-dona (já que a Madonna mantinha seus clientes felizes), disse que a vira andar em direção à Marginal Tietê e nunca mais voltou. Não acreditei na história, pois a Madonna não tinha motivos para nos abandonar, embora não fôssemos tão fiéis quanto ela. Pouco tempo depois, os donos do estacionamento troxeram um rottweiler, que abandonaram no mesmo estacionamento quando deixaram o negócio, o que não demorou muito. Eu gostaria de ter uma foto dela, tão básica, porte médio para grande, pelos curtos de todas as cores misturadas, orelhas grandes e um largo sorriso no rabo!! Que saudade!!

MEU GURGEL

Sim. Eu tive um Gurgel, carro genuinamente nacional, um "combinado" de peças de várias origens, verdadeira colcha de retalhos.  Era um jipinho, com motor de fusca 1.6, com carroceria feita de feito de fibra de vidro, um X12TR. Como o comprei para substituir meu fusca, o Bonifácio, que comprei já com 60.000 km e com o qual fiquei 10 anos, planejei ficar com o Gurgel por muito tempo. Achei um pouco estranho, pois tinha rodado uns 500 km, quando o comprei e a loja não explicou o porquê. Fiquei sem saber se tinha comprado um carro zero. Mas ele aprontaria bastante. Bebia gasolina vorazmente. A estabilidade era mínima, considerando os enormes pneus. A "primeira" que ele me aprontou foi complicada: quando fui sair de uma faixa exclusiva de ônibus, delimitada por "tartarugas", na qual eu tinha entrado sem me dar conta. Tentando sair desse espaço imediatamente, foi só passar por cima desses obstáculos e o carro perdeu todos os controles, travou tudo, não consegui brecar e fui girando na avenida em direção a algumas pessoas paradas, esperando no ponto de ônibus. Só não atingi ninguém, porque bati, antes, numa kombi velha que vinha pela pista à minha direita e "segurou" meu carro, ficando toda amassada. Bom prejuízo, mas felizmente nenhuma vítima. A "segunda" foi quanto eu ia buscar o Victor na escolinha e parou todo o trânsito na direção que eu seguia. Como não queria me atrasar na saída da escola, dei meia-volta na rua e fiquei de cara com um caminhão na contra-mão; como o motorista não fazia menção de sair do local, saí do carro para pedir-lhe que me desse caminho e, ao voltar para o ilustre Gurgel, apressada e nervosa, ao brecar, na descida, pisei na embreagem (os pedais eram estranhos, e era necessário dirigir meio "torta" para acertá-los). Bati no caminhão, que ainda não se mexera,  o capô do Gurgel levantou, mas não amassou. Paguei o estrago do caminhão. Tempos depois, o capô abriu novamente, só que no meio da rodovia Pres.Dutra, sem prévio aviso, tirando-me toda a visão. Tive de dirigir de cabeça para fora, até alcançar o acostamento. Salvei-me, novamente.  Por fim, saindo do trabalho, fui engatar uma marcha e fiquei com o câmbio na mão. Soltou-se. Quebrou. Não quis me arriscar mais.  Vendi o carro!! Encheu. Nunca mais comprei carro feito de partes aleatórias! Deve ter sido praga do Fusca. É só ler a postagem do Bonifácio para entender.

sábado, 22 de outubro de 2011

DO ESTAGIÁRIO ESPECIAL

Quando cursei Administração de Empresas, cheguei à conclusão de que deveria me dedicar à área de Recursos Humanos, já que acreditava que seria muito interessante trabalhar na seleção de pessoal. Tenho a pretensão de achar que saberia detectar as potencialidades de candidatos a determinadas vagas. No penúltimo ano da faculdade, tentei conseguir estágio nessa área e  fracassei totalmente. Mas consegui emprego na área de Finanças, no que me especializei, e não em RH, e considerei que não teria mais a chance de participar de nenhum processo de seleção, na condição de selecionadora. Mas, em uma única ocasião, aconteceu: trabalhando no Banco do Brasil, fiquei um tempo na área de Pessoal e, apesar dos funcionários serem todos concursados, houve, a partir de 1990, mais ou menos, contratação de estagiários. Por sorte, para mim, chegaram as férias do responsável pela seleção de estagiários e fiquei no lugar dele. Como avaliação aos candidatos,tinha sido elaborado um teste, de forma até bastante inconsistente, um questionário com alternativas de múltipla escolha, que tentava avaliar alguma coisa do avaliado. Rapidamente, fui informada que esse teste havia mesmo sido elaborado às pressas, na falta de algo melhor. Sem também me sentir apta a melhorá-lo, incluí a elaboração de uma redação, para que me sentisse um pouco mais segura na seleção. Foi a experiência pela qual eu aguardara por muito tempo. Quando comecei a ler as redações, a maioria tinha uma qualidade bem ruim, mas, dentre tantas tentativas mal sucedidas de elaborações de frases com significados consistentes, até com o tema sugerido, fui surpreendida por um texto muito bom, que destoava de tudo que tinha lido até então. Selecionei-o imediatamente e chamei o candidato para conversar. Lembro-me de um sujeito franzino, tímido, cuja aparente desenvoltura não sugeria nada do excelente potencial, depois revelado. Contratado por um ano, na qualidade de estagiário, não só ajudou na elaboração de rotinas de equipe de trabalho de um setor  recém constituído, como elaborou um manual (muito elogiado por quem o usou) para ser utilizado na execução dos serviços, no setor que deixou um ano depois, quando seu contrato de trabalho terminou. Infelizmente, não sei como prosseguiu sua carreira profissional. Fiquei até achando que eu servia para o trabalho de seleção, considerando essa única oportunidade que tive. Creio que, diante do papel, na elaboração de uma redação,  fica muito mais fácil mostrarmos quem somos. O fingimento não tem lugar! Infelizmente, dá trabalho para avaliar; por isso, a maioria das seleções, pensando principalmente em cargos públicos, começa (e até termina) pelos testes em que, não só conta o conhecimento, como a sorte e até a esperteza. Quantos potenciais perdidos e quantos espertalhões contratados!

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

O PORTEIRO DA CASA VERDE

Há mais de 30 anos, compramos nosso primeiro apartamento, 38,3 m2, no Conjunto Residencial Casa Verde. Fui uma dureza para dar a entrada, pagar prestações, sem falar nas despesas extras que apareciam o tempo todo para comprometer nosso enxuto orçamento. Um dos custos mais altos foi do portão de ferro de uns 40 metros de extensão e construção de guarita em alvenaria. Dividido por 52 apartamentos, ficou caro. De início, não houve orçamento para colocar um portão automático. Sendo assim, nossos valorosos porteiros eram obrigados a sair da guarita e abrir o portão, sempre que chegava mais um. Até que, anos depois, conseguiu-se juntar a verba para a compra do portão automático, acionado da guarita. Lembro-me perfeitamente da primeira vez que cheguei em casa e o nosso porteiro, ao me ver, apertou o botãozinho. Quase mágica.  Entrei e fui logo comemorar com ele a não necessidade de continuar saindo da guarita. Então, ele abriu o maior sorriso, apesar da terrível ausência de alguns dentes e falou todo satisfeito: "Agora só entra quem nós querer!!" São os pequenos poderes almejados e praticados, sem distinção de classe social.

CAFEZINHO COM ADOÇANTE

Essa historinha aconteceu com o Basílio. Como todos os dias, após o almoço, dirigiu-se ao café do Shopping, com os colegas de trabalho que costumavam almoçar juntos. Compradas as fichas, chegou o café. A funcionária pergunta, então, se desejavam açúcar ou adoçante. Aí, o Basílio resolve fazer uma gracinha com seus colegas de trabalho, que o acompanhavam na degustação dessa saborosa bebida: "eu quero açúcar; para mim, adoçante é coisa de boiola!", sem perceber que, bem ao lado, um outro engravatado pingava gotinhas de adoçante em seu café. Ao ouvir o comentário, pensando no inusitado da situação, o usuário de adoçante parou imediatamente de apertar a bisnaguinha, ficando pensativo acerca da situação em que se encontrava!! Parece que deixou o café menos doce do que pretendia. Perdemos cada chance de não sermos inconvenientes. Mas que foi engraçado, lá isso foi!

TERCEIRIZAÇÃO E DESUMANIZAÇÃO

Quando começei a trabalhar, mais de 35 anos atrás, todos os funcionários das empresas onde estive eram empregados da mesma empresa. Não havia terceirização. A copeira, o vigia, todos nós vivíamos as mesmas condições de trabalho, estabilidade, comprometimento, diferenciados apenas pelos cargos e salários. Até que fui trabalhar num banco público, achando que não poderia haver situação diferente dessa. Um dia, conversando com o Sr.José, que cuidava da limpeza do andar onde eu trabalhava já há um bom tempo, ele disse-me que era funcionário da Empresa "X". Achei estranho e pensei que ele até estivesse brincando. Só depois entendi o processo e fui acompanhando o quanto essa forma de contratação de empresas que "fornecem" mão-de-obra foi se expandindo, criando-se uma legião de pessoas que trabalham sem vínculos reais, sem perspectivas de carreira e, portanto, cada vez mais sem possibilidade de estabelecimento de objetivos de crescimento pessoal. Criam-se "castas" de pessoas, trabalhando no mesmo espaço, diferenciando-se pelos uniformes, pelas cores, muitas vezes pela ausência de conhecimento de seus nomes e sem perspectivas de continuidade do relacionamento interpessoal. Acredito ser um tremendo empobrecimento nas relações de trabalho, em prejuízo das pessoas "terceirizadas",  que dividem seus salários com seus pseudo-patrões. Se houver qualquer economia para as empresas que optam pela terceirização ao invés de contratarem diretamente seus funcionários, se considerados os custos humanos envolvidos, ou mesmo sem essa sofisticação, acredito que a economia não valha a pena, por mais que o senso comum vá de encontro à minha percepção!

domingo, 2 de outubro de 2011

AS ÁRVORES DA CIDADE DE SÃO PAULO

Hoje, acordei ao som da motosserra. Novamente. Há pouco mais de 2 anos, a prefeitura da cidade de São Paulo mandou cortar 5 árvores em frente ao meu prédio.Todas supostamente condenadas. Eram lindas, frondosas, muitos passarinhos tinham lá seus ninhos e eu acordava com seu canto.
Até que um dia uma árvore decidiu cair no meio da madrugada, atingindo um carro. Sem nenhum ferido. Carros são fabricados não sei quantos por minuto. Aquelas árvores tinham pelo menos 30 anos de existência. Inconformada, fui atrás da sub-prefeitura, consultei legislações a respeito, mendiguei por dados que os engenheiros responsáveis teriam, mas não consegui acesso a nenhum laudo que comprovasse que as 5 árvores estivessem realmente condenadas. O atendimento telefônico foi péssimo, um passava para o outro. Por e-mail, tentei tudo que encontrei, sem nenhum retorno. Só um engenheiro disse que me "mostraria" os laudos, se me encontrasse pessoalmente, e a título de "favor". Ora, uma cidadã que tem todo seu horizonte alterado, pelo corte de tantas árvores, precisa pedir favor para saber o que realmente ocorria com as pobres árvores? Recusei a gentileza!
Por falta de opção, comecei a cobrar o replantio dessas árvores. Após mais de 2 anos, seguidas cobranças da sub-prefeitura, que levaram, dada a minha insistência e persistência, a duas tentativas de replantio, muitos dias levando água para as mudas, algumas vandalizações feitas por sei lá quem, hoje apenas três delas mostram sinais de que um dia crescerão, caso mais ninguém as destrua, algo bastante difícil de acontecer, considerando sua fragilidade.
Desde então, passei a observar o resto da cidade por onde circulo. Percebi que as árvores da cidade lutam sozinhas, contra tudo, para sobreviver: estão deformadas por podas mal feitas, têm suas raízes sufocadas, cimentadas até o caule, tentam levantar esse cimento para respirar, receber a água da chuva, são podadas sem critério, basta incomodarem algo ou alguém, são as últimas na lista de prioridade, apesar de responsáveis pelo ar que respiramos e pela temperatura cada vez mais alta nesta cidade. E como há poucos lugares nas calçadas para as árvores! Sempre há guias rebaixadas. Parece que elas sempre incomodam!
Quando são arrancadas, qualquer que seja o motivo, não há replantio. Aqueles buracos onde estavam, no máximo, viram "jardineiras". Se, por um milagre, forem replantadas, as mudas fracas, de baixa qualidade, sem rega nos períodos de seca, morrem sem qualquer chance. Onde quer que estiverem, nenhum cidadão  se sente responsável por elas. Essas mudas ficam totalmente abandonadas, salvo raríssimas exceções. Resumindo: São Paulo, que está longe de ter o mínimo de verde para combater a poluição e a temperatura em constante elevação, está sem qualquer chance de sair dessa condição. A população não se importa, não se sente responsável, a prática da cidadania não existe, a prefeitura pouco ou nada faz, as empresas terceirizadas que fazem algum suposto replantio nunca voltam para ver o que aconteceu com os gravetos que plantou, só há discursos e nenhuma prática. Provavelmente, os gravetos secos um dia plantados, que nunca se tornarão um ser vivo, contam para as estatísticas como mais uma árvore plantada na cidade! Para não dizer da falsa comoção quando uma árvore doente, não resistindo a tantos maus tratos, cai e provoca um acidente. Aí os cidadãos se manifestam, dizendo que a prefeitura a devia ter cortado antes. Por que não tirar os carros da cidade, então, estes sim causando um zilhão de acidentes fatais? Infelizmente, estou certa de que o pouco que resta de mancha verde nas ruas rapidamente desaparecerá. Salvo se pelo menos quem concordar comigo, passe a fiscalizar, cobrar, regar, enfim, prestar atenção no que vem ocorrendo. Já é quase tarde demais para se pensar nisso.

domingo, 25 de setembro de 2011

PASSARINHO NA PRISÃO, SEM ADVOGADO

Já que pássaros presos em gaiolas não têm como contratar advogados, este blog gostaria de tentar interceder por eles. Recentemente, numa cidade do interior paulista, os moradores passaram a perceber que não viam mais pássaros em árvores, não ouviam mais seu canto na liberdade. Algum iluminado, então, constatou que a maioria absoluta desses animais, que têm o privilégio de saber voar, encontravam-se presos em gaiolas, sem terem cometido crime algum. A população foi, então, mobilizada para libertá-los e o fizeram. Os pássaros voltaram ao seu habitat, nas árvores, utilizando suas asas para voar, trazendo seu canto de volta às ruas da cidade. Além de comerem insetos, cuja proliferação desenfreada tem muito a ver com o aprisionamento de seus predadores naturais. Assim, todos ganharam com isso.
Se você, leitor deste blog, tem dúvidas se o passarinho da gaiola aí ao lado quer permanecer mesmo na sua companhia, faça o teste: abra a gaiola! Se ele ficar, cuide bem dele, mande fazer uma gaiola pelo menos 20 vezes maior que essa jaulinha. Senão, deixe-os cantar de alegria, livres, ao invés do canto de lamento do bichinho privado de liberdade.
Pássaros, diferente de cães e gatos, não querem sua companhia. Se você abandonar seu cão ou eu gato, ele chorará à sua porta, implorando para entrar. Se você recolher um cão ou gato abandonado, ele não o abandonará mais. O pássaro dificilmente o quererá!

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

CONDOMÍNIOS, FOSSOS E CASTELOS

Embora entenda que a verticalização imobiliária não seja um mal a ser combatido, dado o número de habitantes nas grandes cidades e a necessidade de se gastar menos tempo com deslocamentos, além da melhor utilização dos equipamentos públicos, acho complicado perceber que há tão poucas pessoas circulando nas ruas, justamente nos bairros verticalizados. Opto sempre por andar a pé e percebo que, lamentavelmente, são muito poucos os moradores do bairro que o fazem. Vejo filas de carros defronte às escolas, padarias com suas vagas lotadas, além da disputa acirrada por um local para estacionar nas ruas.
Por isso, quando vejo o que é oferecido no mercado imobiliário, como uma grande vantagem na compra de um apartamento, como 53 itens de lazer (piscina, sauna, quadras, vestiário para diaristas, ...), acho que isso não pode ser algo tão bom para o exercício da cidadania, para a vida dentro das cidades. Se os cidadãos não ocuparem as ruas, quem o fará?
Estamos, assim, criando condomínios tão autônomos, aliados aos sistemas de segurança rigorosamente planejados, que estamos conseguindo voltar às cidades muradas da Idade Média. A rua, espaço público, tendem ao abandono e à marginalidade. Dificilmente vejo crianças andando pelas ruas em bairros classe média. Será que elas saberão que a calçada da rua é para caminhar? Ou pensarão que só se pode passar pelo portão que protege seu castelo para seguir, em segurança, de carro, à escola, ao Shopping?

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

BONIFÁCIO, O FUSCA

Nestes inglórios tempos de bombardeamento da publicidade, para que nos tornemos aspirantes ao novo estúpido modelo de carro, até para tentar compensar nossas frustrações, lembrei-me do meu Fusca 1976, vermelho, modelo Luxo ("L"). Até hoje, ele é homenageado com o uso de sua placa como senha, daquelas que temos de ter um monte. Felizmente, só a minha memória a registra. Depois de muita economia, consegui comprar o Bonifácio. Não era tão novinho. Em 1980, data no nosso "encontro", já tinha rodado um 60.000 km. Foi enigmático quando fui buscá-lo da vendedora e ela, com lágrimas nos olhos, pediu-me para cuidar bem dele. Prometi e cumpri. Levei-o ao mecânico uma vez por ano, quando ele saía todo "firminho", antes dos parafusos começarem a relaxar, na buraqueira de S.Paulo. Vermelhinho, ficava lindo quando levava uma polida. Valente, como se espera de todos os fuscas, levou-me aos lugares na cidade e a todos os acampamentos que fizemos nos 10 anos de nosso convívio. Já imaginaram 4 adultos, uma barraca grande e todo o necessário, inclusive comida, para sobreviver em feriados prolongados, dentro de um fusca? Ninguém conseguia fazer caber, mas ganhei a alcunha de "gerente de ajeitística", tamanha a boa vontade do Bonifácio comigo. Só descobri que o carro tinha fusível, quando o primeiro queimou, 5 anos depois do início do nosso convívio. Nunca fiz seguro, nem precisou. Quando, finalmente, achei que estava na hora de substituí-lo, porque o achava já meio fraquinho, anunciei, vendi para um babaca, que conseguiu, em um mês, batendo-o, ter perda total! Vai ver que o Bonifácio não se conformou. Ainda por cima, o dinheiro que recebi por ele foi confiscado pelo Plano Collor! Bem que o Victor, então com 2 anos e meio, reclamava: "Quem teve a idéia de vender o Fusca, hein, hein?

A TRANQUILIDADE DO INVESTIDOR

Mais um final de semana "normal" na vida do Basílio, desesperado, preparando sua apresentação dos fundos por ele administrados no Banco, para clientes. Trabalhou sábado e domingo inteiros, como sempre, e pediu-me um pen drive emprestado, pois os dele estavam cheios. No dia seguinte, voltou tarde da noite com uma história para contar. Essa história foi-me, após sua ida, repetida pelo Cosmo, um dos participantes daquela apresentação, conforme segue: "Teve uma reunião há uns 3 ou 4 anos em que ocorreu um fato muito engraçado: a apresentação que íamos fazer estava no pendrive do Basa e quando ele "espetou" no computador do cliente, com todos presentes (o cliente,outras pessoas da UAM e várias pessoas da fundação), o autorun do PD começou a mostrar uma série de fotos pessoais que estavam no pendrive. A primeira era alguém (não tenho certeza que era o Basa ou o pai dele), sentado, de pernas esticadas. A feição e a reação do Basílio na ocasião foram inesperadas; rapidamente ele interrompeu o pendrive e pediu desculpas, ficando ruborizado, porém não tinha problema - estávamos em um cliente antigo e que admirava o Basílio." A foto, na verdade, do meu pai dormindo na sala de casa que, conforme alguém muito apropriadamente disse, na ocasião, nas palavras do Basílio, representava a TRANQUILIDADE DO INVESTIDOR que aplicava nos fundos ali apresentados!!

GAROTO PROPAGANDA DO GIRAFFAS

Para quem pensa que o personagem de Jack Nicholson, em "Melhor é Impossível", que comia todos os dias no mesmo restaurante, na mesma mesa, a mesma refeição, servida pela Helen Hunt, saiba que há uma versão tropicalizada da mesma situação excêntrica: meu pai! Esse senhor almoça, de segunda a segunda-feira, no mesmo restaurante Giraffas, o mesmo prato: uma saborosa miscelânea de "chelsti" (sic) - aquele frango transgênico - com molho de tomate, arroz, feijão e "pirê"; sempre no mesmo horário, frequentemente, assim, atendido pela mesma pessoa que, frequentemente também, decora o número do meu CPF. Isso acontece há dez anos, primeiro numa loja da referida rede, que, quando foi transformada em local de treinamento, para desespero do ilustre cliente, causou ao referido cidadão uma anemia, já que deixou de almoçar por um bom tempo. Superada essa fase, adaptou-se a outro estabelecimento, com a mesma rotina do anterior. Hoje, tomei conhecimento que outro período gastronômico negro se aproxima, à medida em que a loja atualmente frequentada passará por reforma. Estamos, o Victor e eu, imbuídos do melhor espírito de solidariedade, procurando por um estabelecimento substituto, óbvio, da mesma rede. Oxalá encontremos um que atenda às especificações do cliente!

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

ESPÍRITO DE CARDUME, PENSANDO COMO PEIXES

Finais de semana, feriados, em todas as praças de alimentação de qualquer Shopping Center. Bandeja na mão, mesa não reservada, saio procurando por um local para degustar meu almoço antes que esfrie. Abraçados às mesas recém conquistadas, usuários daquele espaço consideram-se legítimos proprietários, até que ele, dono daquela peça do mobiliário, não a queira mais. Só que, para que o desimpedimento finalmente ocorra, cada usuário daquela mesa irá procurar onde comer, escolher o prato, aguardar sua elaboração e recebimento, sua degustação final e, depois de arrastar a conversa até não poder mais, mesmo verificando a existência que há pessoas cobiçando o local, aguardando a sua vez de serem protagonistas da mesma cena! Diferente do que seria o raciocínio do peixe, será que é tão complicado pensar que, se ninguém guardar lugar, todos terão onde sentar, já que, na média, sem pensar muito, gasta-se o triplo do tempo de posse necessário, em relação ao tempo de utilização realmente necessário daquela mesa, que é para todos? Sem falar nos super-ultra-hiper-egoístas, que ainda deixam a bandeja e um monte de sujeita no recém-usado equipamento de uso coletivo, a mesa! Minha sugestão: ao deixar uma mesa, depois de usá-la, espere que chegue alguém com uma bandeja na mão, na mesma situação em que eu me encontrava no início deste desabafo, e a entregue a esse cidadão necessitado de sua colaboração!

domingo, 4 de setembro de 2011

FUI ATROPELADA

Felizmente, foi há muito tempo e, felizmente, não aconteceu nada. Mas fiquei sem grandes explicações sobre o que realmente ocorreu. Foi em 1978 ou 79. Não importa. Faz muito tempo! Eu morava numa travessa da avenida principal do bairro, a uns 100 metros, um pouco mais, de distância do ponto de ônibus.
Desci, então, do transporte público e precisava atravessar a avenida para ir para casa. Nesse trecho da avenida, muito estreito e próximo de uma curva fechada, há apenas duas faixas, uma em cada direção. Portanto, não há espaço nem possibilidade segura de ultrapassagem, em nenhuma das direções.
Passei, então, pelos carros parados numa das direções e concentrei-me em verificar se algum carro vinha no sentido contrário, até devido à curva que tira muito da visibilidade.
Nesse momento, ouvi um ruído ensurdecedor de uma brecada e senti que deitara suavemente no asfalto, que achei muito macio. Minha mãe, que assistia TV na sala de casa, ouviu o barulho e levantou-se angustiada, conforme me contou depois e se lembra até hoje.
Não tive nenhum ferimento, nenhuma dor, simplesmente levantei-me, acalmei o motorista que acabara de brecar o carro, tremendo muito e certamente lamentando a idéia de ter tentado ultrapassar uma fila enorme de carros parados, indo pela contramão. Era um táxi fusquinha.

sábado, 3 de setembro de 2011

MINHAS DESCONFIANÇAS

Quem me conhece, sabe que não tenho nenhum tipo de fé, na forma que é consenso devamos tê-la, para acreditar na vida, para ter esperança, ... Do ponto de vista espiritual, se é para me definir de alguma forma, considero-me uma agnóstica muito confusa. Respeito todas as formas e práticas de religiões, crenças, que tornarem as pessoas felizes e "ativamente boas"! Mas, como confessou a escritora Raquel de Queiroz, já octagenária, tendo vivido a vida toda num lugar beato como o interior nordestino, dizendo que gostaria muito de crer, de ter uma fé, que seria tudo mais fácil. Mas, como tinha que ser honesta, respondeu ao entrevistador não crer em nada. A mesma declaração fez o FHC perder a prefeitura de S.Paulo. Ou seja, não é assunto fácil.
Mas, mesmo ser ter uma fé ortodoxa, tenho grandes desconfianças se somos apenas meros sacos de batatas. Há pessoas de uma generosidade tão grande, que ajudam, acolhem, cuidam de outros seres, que lutam tão desesperadamente para salvar vidas, independente de quais, com tanto despreendimento, sem nenhum proveito próprio, que sua atitude não pode ser considerada humana, de tão pouco comum que é agir dessa forma. Portadoras de fé ou não, as pessoas são muito egoístas! Desconfio, assim, que alguma coisa há de haver por trás da generosidade tão inexplicável de alguns humanos.

FAIXA DE PEDESTRES EM PORTUGAL

Não, não é piada de português! Trata-se do relato do mico desta brasileira ao dirigir um carro fora da minha terra natal, em 1991, quando fomos a Portugal, o Basílio e eu. Ele, retornando à terra natal pela primeira vez, 25 anos depois de deixá-la. Eu, despencando no primeiro mundo, com minha experiência de motorista num país longínquo pouco resolvido em questões de responsabilidade no trânsito. Avião, desembarque em Lisboa, trem, desembarque em Coimbra, alugo um carro. Fomos direto à casa da prima, conhecemo-nos e saímos de carro , eu ao volante pela primeira vez, em terra estrangeira. Na primeira faixa de pedestres que eu fui cruzar, sobre quatro rodas, ouço um grito da Teresina: "cuidado ... olha as pessoas!". Tomei o maior susto, não porque achava estar fazendo algo de errado, mas pela bronca que acabara de levar e mal havíamos nos apresentado! Brequei, já quase em cima de uns pedestres, atônitos com meu comportamento, olhando para minha cara e balançando a cabeça. Passado o susto, pedestres salvos, auto-crítica feita, percebi que eu tinha que aprender rapidinho aquela lição, já que a viagem mal começara. Pena que, 20 anos de calendário depois, somente agora estou vendo que a Prefeitura de S.Paulo começa a fazer campanha para que se respeite a faixa de pedestres. Isso porque, na primeira semana da campanha, até bem fraquinha, houve uma redução de 60% nas mortes por atropelamento. Só 60%!!

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

MEU FILHO TEM CARTA DE MOTORISTA

E daí? Qual filho de 24 anos não tem carta de motorista? Então, só que meu filho não sabe dirigir. Calma, não subornamos ninguém, até porque eu jamais daria um real para um corrupto qualquer, para conseguir o que quer que fosse. Meu filho, completados 18 anos, para cumprir mais um "ritual de passagem", não muito de imediato, porque ele nem tinha vontade nenhuma, acabou por fazer o que se esperava dele: procurou a auto-escola do bairro; frequentou as aulas, teóricas, práticas e passou na terceira tentativa, recebendo, não merecidamente, o referido "documento". Alguém acha que ele passou na terceira, só porque é ruim ao volante? Claro que não. É que estávamos decididos, ele e eu, que não daríamos nenhum tostão para nenhum vagabundo que quisesse se aproveitar da falta de habilidade do rapaz. Passou na terceira vez porque fez tudo o que se esperava dele (todo o percurso treinado, ensaiado e decorado) e perceberam que ele não estava disposto a entregar as SEIS oncinhas solicitadas.
Só que ele tem consciência de que a auto-escola não foi capaz de ensiná-lo, que ele foi "treinado" para passar no exame, como o próprio instrutor dizia ser seu objetivo, na maior cara de pau!
Como ele não gosta de dirigir, não se esforçou para aprender por conta própria e usa a carta de motorista apenas como documento de identificação. Se perder o RG, vai fazer mais falta.
Isso é Brasilsilsil! Por que será que morre tanta gente no trânsito?

TROQUEI MEU MERCEDES POR UM CARRO POPULAR

Não foi resultado de nenhuma crise econômica pessoal. Tudo começou quando meu pai ficou sem carro ao entregar seu táxi para um preposto, em decorrência de uns probleminhas de saúde, tornando-se, assim um próspero empresário do setor transporte público paulistano. Como ele não consegue dirigir meu Celta (2002), que não tem direção hidráulica, nem vidros elétricos, ficou com meu Classe "A", o que tem aquele símbolo da Mercedes Bens (ninguém imaginou que eu teria um carro cujo valor fosse superior ao de um imóvel, não é ?)!
Começando a dirigir o Celta, percebi como o mundo me trata, agora, de outro jeito: já na saída do prédio, na gaiolinha do portão, o motorista do carro que vem em direção contrária não acena mais para mim. Ao adentrar o espaço urbano, a rua, o carro que vem vindo acelera para eu não entrar na sua frente, o que aliás acontece o tempo todo, em qualquer lugar. Se o motorista normal já não dá reduz (aliás, sempre acelera) quando um Mercedes (ou qualquer carro que simbolize status e poder) sinaliza que quer mudar de faixa, quanto mais se for um carro popular!!! Aí o bacana acelera mais ainda, para não correr o risco de andar atrás de nenhum perdedor, não é?
Bom, apesar de sentir com mais intensidade a "solidariedade" dos motoristas paulistanos, sinto-me satisfeita com a troca; por não ter direção hidráulica nem vidros elétricos, o uso do Celta me permite complementar a musculação que faço no Pilates; meu Celta me leva exatamente aos lugares aonde o Mercedes me levaria, com a uma suposta redução do risco de sequestro relâmpago (espero!) e, se a chave do Celta cair no chão, sei que não vou morrer com uns 700 contos, que deve ser o preço da preciosa chave do Mercedes. Gostei da troca!!

CAUSEI UM ACIDENTE DE TRÂNSITO

Mas, calma, não aconteceu nada de grave. Estava eu, ao lusco-fusco de um final de tarde, dirigindo por uma rua calma, quase chegando em casa. À minha frente, no meio da rua, caminhavam dois rapazes conversando distraidamente. Como achei deselegante usar a buzina (na verdade, nunca sei onde é a buzina do meu carro, pois acho péssimo ficar "gritando" na orelha dos outros), pisquei o farol alto para alertá-los. O crepúsculo vespertino impediu-os de me perceber. Sem saber mais o que fazer, fui rodando bem devagar, no passo deles, esperando até que fosse notada. Na calçada, outro rapaz percebeu o inusitado da situação, achou tudo estranho e andou sem olhar para a frente, observando-nos para saber no que ia dar. Resultado: deu literalmente com a cara no poste! Nesse momento, os rapazes que transitavam pela via errada, notaram finalmente a situação que se formara. Olhamos uns para os outros e todos caímos na gargalhada. Ninguém saiu ferido! Se eu soubesse onde ficava a buzina, não teria essa história para contar.

MANUAL DE INSTRUÇÕES: VOCÊ JÁ LEU UM?

Não se preocupe se teve preguiça de abri-lo e preferiu quebrar a cabeça, sozinho, para ver como a geringonça funciona. Também, como se trata de produto chinês, único lugar do mundo onde se fabrica qualquer porcaria eletrônica moderníssima e indispensável, o produto vai quebrar sem que você tenha tido a oportunidade de conhecer 10% dos seus fantásticos recursos.
Mas, se quiser uma humilde opinião quanto ao fato de não entender o manual, mesmo que você se enquadre nos 1% dos consumidores que teve todo esse interesse e boa vontade, console-se: você não é o único lerdo dessa história. Quem elaborou ou traduziu essa literatura, supostamente conhecedor de tudo que essa maravilha eletrônica lhe pode proporcionar, nada aproveitou das aulas de redação que deveria ter tido e mal consegue formar uma frase completa, que faça algum sentido! Retrato do mundo globalizado, efêmero e emburrecido.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

NA SÃO PAULO DA VEJINHA, PARTE II

Acredito que alguns leitores possam ter ficado com algumas dúvidas na Parte I da "Vejinha" (leia primeiro!). Então, a título de utilidade pública, vou tentar esclarecer alguns pontos:

Leitor: Onde fica a "São Paulo da Vejinha"?
BDS: Trata-se de uma área geográfica de formato estranho, mas cujo "marco zero" provavelmente é na Oscar Freire. Segundo a Vejinha, tablóide que parei de ler desde que aprimorei meu espírito crítico, é onde "tudo acontece"!

Leitor: Quem mora fora do perímetro da SP da Vejinha também compra cachorro de raça?
BDS: Sim, compra, assim como tudo aquilo que represente algum tipo de status, mas, com mais frequência, joga o bicho na rua quando acha que está dando despesa demais.

Leitor: Eu nunca tinha pensado que poderia adotar um cachorro, principalmente um vira-latas (genérico) sem ser visto com estranheza por meus vizinhos. O que faço, agora que já comprei meu cão de marca?
BDS: Em primeiro lugar, não jogue seu cão de raça na rua. Eles são menos resistentes, o pelo cresce muito, eles são fracos, ficam doentes rapidamente e podem ser um problema de saúde pública. Cuide dele com dignidade, pois ele não pediu pra nascer, quando foi fabricado para ser vendido. Quando for substituí-lo, ou se quiser arrumar uma companhia para ele, procure o CCZ ou posso indicar-lhe uns 20 abrigos superlotados para você finalmente fazer um bom negócio no mercado PET.

Leitor: Posso aumentar o salário da minha empregada, independente de adotar outro cão?
BDS: Pode, aliás, já deveria tê-lo feito, pois as empregadas domésticas são um tipo de trabalho escravo, decorrente da abolição recente da escravatura no Brasil, muito mal remuneradas, apesar de consideradas indispensáveis. Pense que ela tem filhos que merecem mais do que ela tem a oferecer com o salário de fome que você lhe paga.

Leitor: Mas, ao invés de adotar um cachorro, eu não deveria adotar uma criança pobre, como disse o filósofo Eduardo Dusek?
BDS: Eu acho que, se você está com esse tipo de dúvida, deveria pensar melhor sobre o assunto, já que "criança é criança" e "cachorro é cachorro", não havendo nada comparável na sua "criação", tanto do ponto de vista material quando do ponto de vista emocional. Se você tratar cachorro como criança, ele não vai se importar, mas se tratar criança como cachorro, vai ficar complicado. Preciso explicar mais? Quando meu filho era pequeno e ouviu a música do Dusek, ele disse, em sua ingenuidade: "Mas, qual a dúvida: adote uma criança pobre e um cachorrinho para ela."

O BDS permanece à disposição para quaisquer outros esclarecimentos.

ENQUANTO ISSO, NA SÃO PAULO DA VEJINHA, ...

Em bairros de classe média, fazem parte da paisagem as empregadas domésticas levando cães "de griffe" para passear. Fico me perguntando se seria possível convencer os donos dos cães/patrões a, ao invés de comprar esses cães a preços absurdos, depois gastar para mantê-los nos "cortes da raça", adereços e tantas outras coisinhas que compõem seu "custo mensal", se não seria mais justo, do ponto de vista social, adotar vira-latas, totalmente "grátis" nos centros de adoção/abrigos, que são mais espertos, inteligentes, que já vêm "treinados de fábrica" e cujo penteado nunca se desmancha, sem os riscos das doenças "comuns" das raças fabricadas e, com tamanha economia, repassar a diferença de custo para o salário das suas empregadas?

PROPAGANDAS DE CERVEJA

Acho que deveriam ser todas proibidas. Só não tenho certeza de qual seria o motivo principal, se pelo incentivo criminoso ao consumo de álcool por adolescentes confusos ou se pela absoluta falta de criatividade, presente em tudo quanto já vi nesse ramo. E, para não dizer que seja impossível ter boas idéias, apresento-lhes o resultado da inspiração de nuestros hermanos argentinos !!!



P.S.: não estou recebendo nada de patrocínio, não estou fazendo propaganda, nem sei qual é a cerveja anunciada e não a recomendo!

terça-feira, 30 de agosto de 2011

JOSÉ SARAMAGO

"Mais do que politicamente corretos ou esteticamente sensíveis, o que devemos mesmo ser é ativamente bons".

POR QUE UM BLOG?

Conhecemos pessoas no trabalho, na escola, no prédio onde moramos e, quando nos encontramos, os mais educados se cumprimentam, trocam algumas impressões, mulher vê a roupa que a outra mulher está usando, o corte de cabelo, se as unhas da amiga estão pintadas com o azul da moda, e só! Com parentes, chega a ser ainda mais complicado: os encontros dão-se em casamentos, funerais, ...
E o que sabemos das pessoas, quem genuinamente são elas, quais suas posições, suas idéias? O que temos em comum? No que discordamos? Na correria ou na fugacidade dos encontros, não dá para muito, sem falar no risco de causar falsas impressões.
Quando são mais amigas, as pessoas até tendem a programar encontros para "conversar melhor", o que dificilmente ocorre.
Não quero criar falsas expectativas, mas gostaria de estar abrindo este canal para que pessoas possam ser conhecer melhor. Este blog é para os amigos!


UM FILÓSOFO NO MERCADO FINANCEIRO

Esta postagem destina-se à divulgação da Tese de Mestrado em Filosofia do Basílio, meu companheiro por 30 anos, que nos deixou precocemente há quase um ano.
Trabalhando 14 horas por dia, de segunda a segunda, por 20 anos consecutivos, dedicando quase toda a sua energia à produção de lucros especulativos para uma instituição financeira, ele achou tempo de escrever sua tese: www.sapientia.pucsp.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=3870.

RECONHECIMENTO DO MINISTRO

Apesar de funcionária pública, sempre tentei, no exercício de minha profissão, tratar os contribuintes com respeito. Há uns 5 anos, fui destacada para atender empresas num plantão fiscal. Tenho o hábito de cumprimentar as pessoas antes de começar qualquer diálogo. Então, após um "boa tarde, tudo bem?", olhando para a pessoa cuja vez chegara, fiz o atendimento normal, fornecendo o documento que tinha sido solicitado. Tratava-se, no entanto, de uma pessoa com um discernimento um pouco acima da média, que percebeu ter acontecido algo menos usual. Esse cidadão foi a uma "repartição" e foi tratado com respeito. Acredito não ter mérito nenhum nessa situação, que deveria ser a mais rotineira possível. Mas não é! Infelizmente, o tratamento que eu sempre dei aos contribuintes, de normal, não teve nada. Esse contribuinte pediu, então, meu nome, dizendo que mandaria um elogio ao Ministro da Previdência. Achei que não o faria, mas ele fez. Pouco tempo depois, fui chamada para dar meu "visto" na carta que viera de Brasília, com os elogios do Ministro e solicitação de que essa carta fosse arquivada no meu dossiê. Li, assinei, o fato não foi divulgado entre meus colegas, a chefia não me cumprimentou, nada! A carta sequer está arquivada no meu dossiê, conforme pude verificar. Sumiu ! Pelo menos, para mim, foi muito importante.

COMO PLANTAR UMA NOTÍCIA NA MÍDIA

Houve dias em que assisti a vários telejornais, em sequência. 90% das "notícias" eram as mesmas. Até aí, dá para entender: para economizar recursos, é só ver o que está na Internet e colocar no ar. Mas o que me perturba é saber como aquele fato conseguiu chegar à Internet, dada sua duvidosa relevância: "acidente de ônibus na Índia deixa 15 feridos, um em estado grave" (!!!!!!!!!) Aliás, no que se refere a vítimas de acidentes, de violências, só a partir de um determinado patamar na pirâmide social, as pessoas têm nomes? Se o cara for dono duma empresa e for atropelado, ele tem nome. Se for uma empregada doméstica, não! Bom, continuo sem saber como a rejeição de uma mãe ursa pelo filhote ursinho, num zoológico da Alemanha, pôde dominar o noticiário mundial durante tanto tempo? Lembram? Se alguém tiver uma explicação, por favor, ajude-me!

RECEITA DE SOPA

Quando vejo programas de culinária, ensinando a fazer sopa, fico revoltada! É um tal de mandar refogar, de mandar por uns "caldos" (de carne, de frango, de vegetais, mas que na verdade são caldos de colesterol mesmo), uma complicação de resultado duvidoso. Bom, vou dar minha receita de sopa: coloque na panela um tanto de água (H2O), deixe ferver, coloque cenoura, batata, mandioquinha, cará, chuchu, o que tiver na geladeira (é necessário comprar legumes de vez em quando). Podem ser dois, três, quatro ingredientes, tanto faz. A quantidade de água depende de puro bom senso e gosto pessoal. Ponha um pouco de sal (dá prá ajustar depois, se necessário) e azeite. Depois de cozido, bata, dentro da panela, com um mix. Também pode espremer com garfo, mas dá mais trabalho. Tá pronto! O resto é criatividade: pode cozinhar um macarrãozinho à parte e misturar no final. Na hora de servir, coloque no prato, jogue salsinha seca (mais fácil que comprar fresca), desenhe umas linhas na superfície com azeite de boa qualidade, queijo ralado!!! Sem complicações! Se gostar da receita, faça uma quantidade maior, congele na forma que fica depois de bater. Deixe o bom azeite só para a hora de esquentar e servir. Mais rápido que sopa de pacote!

VOCÊ CONHECE ALGUÉM QUE PASSOU EM PRIMEIRO LUGAR NA USP?

Sempre detestei pequenas hipocrisias como cumprimentos no aniversário, mas, não ter sido cumprimentada quando meu filho passou em primeiro lugar na USP foi, no mínimo, instigante.
Será que foi porque ele entrou em História? Afinal de contas, qual é o país que precisa de bons professores de História, não é mesmo? Afinal, o que passou, passou. Temos de pensar no futuro. Por que remoer o passado? Ou será que foi porque ele corre o risco de ser professor? Na verdade, ouvi muitas condolências. Foram tantas as pessoas que disseram: "mas ele não precisa ser professor!", como se eu precisasse ser consolada. Em qualquer debate minimamente inteligente, quando se fala nos problemas do Brasil, um país tão rico que não decola do ponto de vista social, a conclusão é sempre a mesma: a solução está na Educação! Todos falam isso com a maior cara de sabedoria. Mas, o que fariam essas mesmas pessoas, que afirmam estar a saída na educação, se seus filhos resolvessem estudar História. Sem chance!!!

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

DE COMO VIM AO MUNDO

Minha mãe, quando jovem, era bonita, vaidosa, baladeira, enfim, uma "gatchinha" da época. Ela sempre me disse que tinha praticamente as medidas da Marta Rocha, miss Brasil da época. Meu pai, mimadíssimo pela minha avó, até por ter nascido no dia do aniversário dela. Minha mãe teve um bom número de namorados. Na minha infância, muitas vezes, ao ouvir um nome masculino, ela dizia: "tive um namorado com esse nome!" Mas, calma, na época, namorar era sair de mãos dadas, acho. Bom, o divertimento do meu pai era ficar no bar tomando alguma coisa, vendo as moças passando na calçada. Minha mãe foi uma dessas, que começou a passar mais vezes na frente daquele bar, para ver o moço que, segundo ela, causava-lhe pena: "tão novo e fica parado aí, sem fazer nada!"
Começaram, de qualquer forma, a tentar aproximação. Pelo que sei, meu pai achava minha mãe bonita e, para conquistá-la, tentou mostrar que ele tinha grana, o que não era uma verdade, já que quem estava "bem de vida" era meu avô.
Minha tia, irmã do meu pai, ao saber que meus pais se casariam, depois de um breve namoro e noivado, questionou o irmão: "Mas você está enganando a moça! Ela pensa que você é rico e não é." Ao que ele respondeu: "Quando ela souber, já estaremos casados". Um efetivamente enganou o outro, casaram-se, estão juntos há 53 anos, acho que não conseguiriam viver um sem o outro, embora ele a desvalorize e a humilhe em todas as oportunidades possíveis, enquanto ela se ocupa em fazer da vida dele um inferno todos os dias que Deus deita ao mundo!!! Poderiam ser tema para uma comédia de costumes!

SINCERIDADE É TUDO

É meu maior defeito e minha maior qualidade. Criei este blog com a intenção específica de fazer análise sem ter de pagar o analista!

NOSSA HISTÓRIA: A SOPHIA E EU


Tenho que confessar que o nome do blog é uma mentira, mas será a única deste Blog: não sou dona da Sophia; ela é minha dona!
A Sophia é uma gatinha que decidiu que nos encontraríamos e pôs seu plano em ação.
30/12/2000: partida de futebol no São Januário, São Caetano x Vasco. Caiu o alambrado! Eu, na varanda do apto. do Guarujá, num dia garoento. Se narração de jogo jogado já é um tédio, imaginem narração de jogo parado! Sem aguentar mais ouvir as divagações se o jogo ia recomeçar ou não, saí da rede, olhei prá fora e vi um cãozinho procurando por comida no lixo. Lembrei-me que eu havia guardado um pedaço de carne na geladeira. Sou vegetariana, mas quando alguém come carne numa refeição, eu pego o que sobra no prato do carnívoro e guardo para uma eventualidade. Desci o mais rápido que pude para poder entregar o pedaço de carne ao destinatário, mas ele sumira. Comecei, então, a ouvir um miado e não conseguia entender a sua "origem", pois vinha de um monte de tranqueiras jogadas num terreno público, como soe acontecer em civilizações como a nossa. Treinei o olhar e dei de cara com dois olhinhos nublados. O resto era pele, nenhum pelo, e pouca coisa mais, além da decisão que ela tomara, a partir de então, de ficarmos juntas. Como eu ainda não havia sido comunicada desse intuito, ao ver um sujeito passar por perto, perguntei a ele o que achava que eu deveria fazer, vendo aquele gatinho, ao que, prontamente, foi-me sugerido: "Deixa aí que o carro passa por cima". Brilhante! Além de pensar (não sei se lhe disse, mas, se não disse, deveria ter dito!) que minha vontade é que um carro passasse sobre ele, falei prá Sophia me seguir. Ela, muito mais esperta que eu, entendeu logo e veio atrás de mim, dando uma paradinha para beber água na poça que se formara no meio do asfato, já que tinha tido que miar demais, até que a anta aqui entendesse o que ela acabara de conseguir. Fomos prá casa e estamos juntas desde então. Não há nenhuma dúvida do domínio que a Sophia exerce por aqui. Quando concordamos com algo, está tudo bem. Mas, se entrarmos em dividida, não tem jeito. Se ela quiser abrir uma porta, ela abre, ainda que minha intenção fosse de impedi-la, por qualquer motivo, de entrar ou sair. A Sophia pula em maçanetas, abre portas de correr, portas articuladas, além de acender luzes, ligar rádio relógio, rasgar papel de parede, tirar telefone do gancho, qualquer coisa que seja necessária para eu entender o que ela quer de mim. Descobrimos que, quando nos encontramos, a Sophia tinha uns 3 meses e pesava 200 g, que é o peso de gatinho recém nascido. Ela sobreviveu para me achar. Quando tinha um ano, castrada desde os 6 meses, adotamos a Yasmin para sua companhia. Em um mês, a Sophia estava amamentando a Yasmin (uma sialata), coisa que se prolongou por uns 6 anos, acho. Lembro-me de voltarmos ao Guarujá, com a Sophia e a Yasmin no carro, e pensar que, saída do lixo, ela voltava em "alto-estilo", com uma siamesa de estimação. Isso é que é determinação e sucesso pessoal! Tenho muito orgulho de ter feito parte dessa história. Depois que o pelo cresceu, vi que se tratava de uma linda gata tricolor!!