sexta-feira, 23 de setembro de 2011

CONDOMÍNIOS, FOSSOS E CASTELOS

Embora entenda que a verticalização imobiliária não seja um mal a ser combatido, dado o número de habitantes nas grandes cidades e a necessidade de se gastar menos tempo com deslocamentos, além da melhor utilização dos equipamentos públicos, acho complicado perceber que há tão poucas pessoas circulando nas ruas, justamente nos bairros verticalizados. Opto sempre por andar a pé e percebo que, lamentavelmente, são muito poucos os moradores do bairro que o fazem. Vejo filas de carros defronte às escolas, padarias com suas vagas lotadas, além da disputa acirrada por um local para estacionar nas ruas.
Por isso, quando vejo o que é oferecido no mercado imobiliário, como uma grande vantagem na compra de um apartamento, como 53 itens de lazer (piscina, sauna, quadras, vestiário para diaristas, ...), acho que isso não pode ser algo tão bom para o exercício da cidadania, para a vida dentro das cidades. Se os cidadãos não ocuparem as ruas, quem o fará?
Estamos, assim, criando condomínios tão autônomos, aliados aos sistemas de segurança rigorosamente planejados, que estamos conseguindo voltar às cidades muradas da Idade Média. A rua, espaço público, tendem ao abandono e à marginalidade. Dificilmente vejo crianças andando pelas ruas em bairros classe média. Será que elas saberão que a calçada da rua é para caminhar? Ou pensarão que só se pode passar pelo portão que protege seu castelo para seguir, em segurança, de carro, à escola, ao Shopping?

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