terça-feira, 11 de agosto de 2015

ANIMAIS SELVAGENS EM ESTADO BRUTO

Alcochete, 9 de agosto de 2015. Voltamos a tempos pré-históricos. Senti-me em plena Idade Média, levada pela máquina do tempo Pela primeira vez, naquela localidade a 20 km de Lisboa, um grupo de pessoas decidiu dizer que não há como aceitar a existência, nos dias atuais, de um espetáculo medonho de tortura de animais indefesos, a título de "divertimento"! Tomamos coragem e fomos a um lugar conhecido como conservador (mais apropriado é dizer "atrasado" mesmo), com faixas, cartazes, apitos e palavras de ordem. Os doentes "apreciadores" dessa arte macabra das touradas não acreditaram na nossa ousadia. Chegamos, posicionamo-nos sob a orientação da polícia (GNR) e protestamos da forma que sabemos, colocando em prática o direito de denunciar a crueldade. Nunca vi nada parecido. Na maioria homens, com barrigas avantajadas, alguns meninos, e um olhar de ódio comum a todos, misturados a uma estranheza de quem nunca foi confrontado com o diferente, irados, a fazer gestos obscenos, gritando sem parar, provocando ... o inferno na Terra. O animal humano em toda a sua pior natureza bruta, rude, autoritária, sádica ... os mesmos que extrapolam todos os limites de perversidade ao divertirem-se dentro da arena ao ver o touro ferido, sangrando, ser brutalmente golpeado até o limite de suas forças! Vi os olhos dessa perversão, desse ódio, de todos os piores sentimentos que só o homem é capaz de sentir e externar, despidos e revelados à custa de bastante álcool ingerido. A polícia praticamente não os conseguia controlar. Tinha de segurá-los para que não investissem contra nós. Até que um deficiente moral apreciador da arte tauromáquica rompeu a barreira e atacou uma de nós. Outro, pela lateral, veio na minha direção e chutou-me violentamente a perna. Jogaram pedras, tomates, cerveja, areia, o que encontravam pela frente. Foi uma benção sairmos de lá sem maiores ferimentos. Considerando a selvageria que assistimos, fica fácil entender como é possível haver touradas ainda hoje em Portugal. Esses cidadãos que nos agrediram são a nata da escumalha local, mas as manifestações posteriores na Internet também demonstram a total inabilidade de tantas pessoas que usam os argumentos mais primitivos para justificar a existência de touradas como a de que os touros não existiriam se não fossem criados para esse fim. Como é possível um indivíduo alfabetizado apresentar esse tipo de raciocínio? .

domingo, 19 de julho de 2015

Paisagem bucólica, sofrimento invisível ...

Imagine-se com um ferro atravessando sua boca por incontáveis horas por dia! Imagine-se amarrado de todas as formas que só lhe permitam andar, não deixando que você se sente, nem se deite, nem se abane se moscas pousarem sobre seu rosto. Imagine-se sem poder procurar por água nem comida. Você não pode se mover, independente do que sinta. Suas necessidades são solenemente ignoradas. Quando você andar, será para puxar um peso que não escolheu. Dia após dia. Em troca de comida e água quando acharem que é hora de você recebê-las e não quando sua natureza o fizesse procurar. Dia após dia. Você é um escravo que vive cuidadosa e cruelmente amarrado, limitado, movido pelo medo que te ensinaram a ter, caso não faça o que lhe é determinado fazer. A dor e o incômodo do ferro na sua boca, a pressão nos seus nervos, você não pode descrever. Não tem a quem pedir ajuda para o libertarem. Você arrasta e bate seus pés no chão, único movimento que consegue fazer, para pedir ajuda, mas ninguém o vê nem ouve. No entanto, ninguém se incomoda com isso, mesmo que inúmeras pessoas estejam à sua volta. Você é invisível! Sua dor é invisível ... seu suposto "proprietário" não se importa com o que você sente; apenas o quer ver fazendo o seu "trabalho" que é andar, correr, usar sua força física para que ninguém o tenha de fazer. Pagam ao seu "dono" para usufruir de um passeio "bucólico" !!! Sintra, 19 de julho de 2015! Por ruas atulhadas de turistas, íngremes na sua maioria, onde mal cabem os carros, autocarros, transeuntes, ainda há carruagens obsoletas, conduzidas por senhores na sua maioria acima do peso, incomodados com ativistas que resolveram denunciar o sofrimento a que os cavalos são submetidos. Turistas param para ver os cartazes, quem sabe numa tomada de consciência de que aqueles cavalos são essencialmente escravos que não escolheram passar pela tortura que é ser escravizado! Que nada fizeram contra ninguém para merecerem essa vida de privações. Estivemos lá; ouvimos, como soe acontecer, quem se incomodasse com nossa denúncia, os mesmos que não fazem nada para o mundo ser melhor do que é, perturbados com pessoas que acreditam que há de haver mais compaixão com seres que não podem dizer o que estão sofrendo. Pessoas que não se conformam com a utilização de animais sencientes para uma atividade totalmente sem sentido depois da invenção do motor a propulsão. Chega! Não há "tradição" que justifique essa exploração. Os cavalos já contribuíram com o sofrimento da sua utilização em muito do que representou o desenvolvimento humano até hoje. Já foram escravizados demais, já sofreram demasiadas privações e exploração. Já é mais do que hora de serem vistos como seres sensíveis, que merecem todo o nosso respeito. E houve pessoas que se sensibilizaram. Vimos lágrimas, resultado da tomada de consciência, o que faz tudo valer a pena! Só resta esperar que o sofrimento daqueles belos seres, a partir de agora, seja menos invisível...

domingo, 31 de maio de 2015

Violência é morrer de fome????

Jardim da Estrela, Lisboa, 31 de maio, primavera de 2015. Festa para a terceira idade, onde idosos desfilavam com uma chapéu estiloso assinado por "corega". Recomendo fortemente a todos, que ainda tiverem tempo, que cuidem dos seus dentes!!! Paralelamente, enfileirados cada um com uma mensagem, ativistas pelos direitos dos animais expõem suas placas revelando animais enjaulados, feridos, privados da luz do sol durante toda a sua miserável vida, destinados a chegar aos pedaços, na forma de "carne", para alimentar os animais humanos naquilo que o senso comum considera ser a única forma de não morrermos de fome! Triste mentira! Humanos, como esta que escreve, sobrevivem muito melhor sem ingerir nenhuma forma de violência, travestida de alimento. O título deste texto foi dito várias vezes por um senhor irritantemente "normal" no que se refere a hábitos alimentares, numa lógica questionável, quando do aprofundamento da questão. Em contrapartida, já que parece haver alguma esperança no mundo, um pouco antes, pude observar as lágrimas de uma senhora que não se conteve aos observar as imagens das criaturas fabricadas pela "indústria de carne", teimosamente exibidas por pessoas que também se emocionaram da mesma forma, cada um a seu tempo, e que decidiram mudar seus hábitos e não ter pudores em denunciar tamanha atrocidade. Violência é violência e nós, humanos ainda capazes de sentir compaixão, não conseguimos mais aceitá-la. Tentamos, teimosamente, desconhecer o que acontece aos animais que escolhemos usar, matar e comer "para não morrermos de fome". Não queremos saber. É uma punhalada na consciência! São 65 bilhões por ano. Pintinhos moídos vivos porque nasceram machos e não vão botar ovos; bezerros que ficam meia hora com as mães e em seguida mortos porque queremos o leite que é deles; bois esfolados vivos durante o abate; porcas vivendo em gaiolas do tamanho do seu corpo para procriarem sem parar; porquinhos castrados a sangue frio, galinhas vivendo no espaço de uma folha de papel, bicos cortados e pernas quebradas por que não aguentam seu peso, ...., tudo sem ver a luz do sol, em ambientes insuportáveis pelo cheiro dos seus dejetos, regados a muito antibiótico para sobreviverem até o momento determinado para sua morte. O holocausto vivido a cada segundo, neste mesmo planeta que habitamos, tudo completamente escondido, por uma indústria macabra e poderosa, dos olhos dos responsáveis pelo sofrimento sem fim: os humanos que acreditam que morrerão de fome se não comerem carne; ou seja, quase todos os humanos. Chamam os ativistas pelos direitos dos animais de "fundamentalistas" por denunciar a violência, mas não se sentem "fundamentalistas" por rejeitarem completamente uma vida sem consumir violência. Vou continuar me esforçando para entender essa lógica.