segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Meio ambiente ou ambiente inteiro??

Vivemos um tempo estranho! Notícias não faltam de que nossa sobrevivência no planeta está fortemente comprometida. O planeta continuará a existir, mas estamos trabalhando com empenho para que não possamos mais cá estar. A COP26 é um exemplo irretocável de que não se fala da única atitude que todos podemos tomar para reduzir os gases do efeito estufa, a desertificação dos solos, a destruição das florestas, o aquecimento global, as desigualdades sociais, o consumo de energia, etc. etc., que é optarmos por uma alimentação 100% vegetal. Produtos de origem animal causam a maior parte das doenças evitáveis, consomem 10 X mais terra, 10 X mais água e 10 X mais energia, do que se produzissem e consumíssemos diretamente os vegetais. Proteínas são aminoácidos presentes em todos os alimentos vegetais, dos quais se alimentam o porco, a galinha, a vaca, os peixes, que não são, por mais que se acredite nisso, nenhuma "fábrica de proteínas". As doenças causadas pelo consumo de animais/laticínios/ovos são muito mais relevantes do que a suposta falta de "proteínas" por quem deixa de comê-los. Há vasta literatura, vídeos, documentários a respeito. O que falta é superar o TABU de que se reveste esse assunto. Pessoas que se alimentam apenas de vegetais são chamadas de "extremistas radicais", enquanto que os que comem animais e suas secreções são os "normais". Há algo de estranho nessa abordagem. Médicos e nutricionistas afirmam que peixes são saudáveis, quando são, hoje, a maneira mais segura e eficaz de consumir metais pesados e microplásticos. Sugiro assistirem "Seaspiracy" para entender todas as consequências de termos tornado os oceanos a latrina de todo o tipo de lixo e contaminação que se conseguiu fazer. É imperativo perceber que os peixes não são rastreáveis como o são os animais criados em Terra, demonstrando que os selos de sustentabilidade não se sustentam a uma breve reflexão sobre o assunto. Sugiro "Cowspiracy" para entender nossa contribuição diária à degradação do meio ambiente. Sugiro "What the Health" para entender que não há doenças ligadas à falta de proteína, mas que uma alimentação 100% vegetal previne e cura doenças; sugiro "Kiss the Ground" para perceber a completa desertificação dos solos deste planeta, com o atual modelo agrícola; sugiro "A life on our planet" em que David Attenborough, do alto de seus 90 e tantos anos a retratar o planeta Terra, mostra-nos que, apesar de tanta destruição, há solução, desde que tomemos uma atitude. E não é somente indo a Marchas pelo meio ambiente, mas tomando uma atitude 3 vezes ao dia, escolhendo uma alimentação 100% vegetal, nutritiva, saudável, colorida, saborosa, muito mais barata do que consumindo produtos de origem animal. Não depende de nenhum governo irresponsável, de nenhum partido político, de nenhuma reunião de cúpula mal resolvida, mas apenas de cada um de nós. Ficam algumas frases para refletir: "Como posso olhar para os meus netos, nos olhos, e dizer-lhes que sabia o que estava a acontecer ao planeta e não fiz nada? (David Attenborough); "Em algum lugar dentro de nós está o poder para mudar o mundo (Roald Dahl); "Pequenos actos quando multiplicados por milhões de pessoas podem mudar o mundo" (Howard Zinn); "Nós somos a primeira geração que sabe que está a destruir o planeta e a última que poderá fazer algo por ele." (Tanya Steele, líder da WWF) Que tal falarmos a sério no meio ambiente?????

terça-feira, 1 de agosto de 2023

É SÓ TROCAR O BOI PELO FRANGO?????

Que tipo de ser humano coloca seu prazer imediato acima da sobrevivência das condições de vida neste planeta? Uma pessoa ruim? Não. É o desinformado!!! Quando assisto debates sobre o meio ambiente, de intelectuais que admiro pelos conhecimentos e espírito crítico, percebo claramente a falta de informações e, principalmente, a falta de uma reflexão honesta sobre estarmos (pessoal e diariamente) contribuindo de maneira tão eficiente quanto nefasta para destruir o frágil equilíbrio desta nossa casa, chamada planeta Terra. Mesmo as pessoas que já tomaram uma atitude efetiva, cortando ou reduzindo seu consumo de produtos de origem animal, parecem ter vergonha de admitir que sentem compaixão por seres explorados e mortos sem necessidade. A verdade incostestável é que estamos acabando com as florestas, desertificando e contaminando o solo, o mar, os lençóis freáticos, extinguindo espécies, acabando com a biodiversidade, como resultado de uma “produção” insana de carne/laticínios/ovos/peixes, só porque temos esse hábito. Há quem diga que “as pessoas comem carne porque as pessoas comem carne”. Não aceitamos, no nosso subconsciente, que seja possível viver sem a tal “proteína” animal, quando a realidade já conhecida é de que todos os aminoácidos que compõem a proteína vêm da terra e da comida que os animais comem; com o uso desses “intermediários”, acrescentam-se gordura saturada, antibióticos, hormônios, agrotóxicos bioacumulados, microplásticos e toda sorte de elementos que podem ser radicalmente diminuídos quando nos alimentamos da comida orgânica do MST, por exemplo. Estamos dialogando entre professores, cientistas, e outros intelectuais da melhor qualidade. E, mesmo assim, o assunto é tabu. Quando resvalado, muitos se mexem na cadeira, ou sugerem mudar de uma proteína animal para outra. Se fosse possível falar em compaixão pelos 70 bilhões de seres terrestres criados e mortos todos os anos, o argumento de evitar a “carne vermelha” não seria dos melhores, dado que um boi morto alimenta muito mais seres humanos do que um camarão. Quanto maior o animal, menos indivíduos têm de morrer para que se alimente um humano. Mas, como a compaixão por animais não é ainda bem vista na nossa sociedade, melhor falar que as galinhas “produzidas” nas granjas industriais são seres que vivem 28 dias no planeta, sem pisar o chão, nem ver a luz do sol, que têm seus bicos cortados antes de uma semana de vida (para não escolherem ração nem se ferirem nas gaiolas onde vivem amontoadas), recebem uma ração “energética” para crescerem rapidamente, o que desequilibra a relação entre ômega 6 e ômega 3, o que torna o inocente e comum "franguinho" num “alimento” altamente inflamatório, que pode causar a maioria das doenças conhecidas. E ainda não se fala no impacto ambiental para se produzir, transportar e armazenar tudo que é de origem animal, dada a quantidade de plásticos e de energia para conservá-los, por serem altamente perecíveis. Por tantos motivos (e muitos mais ...), dá para usar o argumento de que “não consigo viver sem carne”? Falta mesmo é informação, não resta nenhuma dúvida, a meu ver. Sugiro “What The Health?”, “A life in our planet”, “Cowspiracy”, “Dominion”, “Seaspiracy”, … Muita gente diz que “não tem coragem de assistir”, com medo de cenas fortes (desses, só Dominion é pesado). Mas, se não assistirmos, se não nos informarmos, não conseguiremos furar essa bolha do “hábito”, dos mitos, e continuaremos a fugir covardemente da real e efetiva forma de contribuirmos para salvar as condições da vida humana neste planeta. É uma grande falha da maioria absoluta dos intelectuais formadores de opinião, que continuam a se esquivar do assunto!! Quase sem exceções!!!

domingo, 26 de julho de 2020

Só para quem se importa com as pessoas!!

Trabalhar no inferno Matadouros não estão entre os lugares onde alguém sonhe em trabalhar um dia. Além de ser um ambiente imerso na violência diária contra seres de outras espécies, afinal, não existe nada de pacífico ou bonito na matança de animais para consumo, os funcionários costumam ser mal remunerados.Trabalhar em matadouro demanda esforços repetitivos e exige que funcionários atuem em ambientes com temperaturas desconfortáveis, o que pode tornar o uso de medicamentos um hábito diário. Se o trabalhador for um imigrante, a situação pode ser pior. Embora tudo isso ocorra há muitas décadas, hoje a pandemia de coronavírus tem lançado luz à realidade de trabalhadores do mundo todo que atuam na indústria da carne, que resiste a paralisar suas atividades mesmo em situações em que os funcionários são expostos a um número crescente de riscos de contaminação. E as crianças famintas da África? Em escala mundial, só as vacas bebem 45 bilhões de litros de água e comem 61,2 bilhões de quilos de comida por dia. Pelo menos 50% dos grãos são produzidos vão para alimentar o gado. Os EUA poderiam alimentar 800 milhões de pessoas com grãos que o gado consome. Dá pra mensurar o que isso significa? 80% das crianças famintas vivem em países onde os alimentos são administrados aos animais, e os animais são comidos por países ocidentais. A indústria agropecuária reflete diretamente as contradições do capitalismo e seus abismos sociais. Alimentos que poderiam retirar milhões de pessoas da fome são utilizados para alimentar gado. Gado que é consumido em excesso e, segundo a medicina mais avançada, sem necessidade fisiológica. Remédios de uso contínuo para viver mais tempo ... doente! Pessoas que comem menos ou nenhum produto de origem animal têm menos doenças. A Faculdade de Saúde Pública da USP, apresentou um estudo feito com 4.500 adultos brasileiros que concluiu que as pessoas que consumiam regularmente mais proteína baseada em vegetais tinham quase 60% menos chance de apresentar placa nas artérias do coração do que os que consumiam mais proteína animal. Esse acúmulo de placa costuma ser usado para avaliar o risco de doença cardíaca. Outra pesquisa, realizada pela Escola de Saúde Pública do Instituto Milken da Universidade George Washington, comprovou que os sul-asiáticos que vivem nos EUA e seguem uma dieta vegetariana apresentam menor número de fatores de risco para doenças cardíacas e diabetes, incluindo menor índice de massa corporal, menor circunferência abdominal e menor quantidade de gordura abdominal, menor colesterol e menor índice de açúcar no sangue do que pessoas do mesmo grupo demográfico que comiam carne.Se é possível prevenir e controlar as doenças mais comuns mudando hábitos alimentares, por que não há campanhas oficiais dos governos para esclarecer a população? A quem interessa manter as pessoas doentes a se medicarem pelo resto da vida? Mais vale ser um rico com saúde do que ser um pobre doente? Pouquíssimos países do mundo podem oferecer atendimento médico com igualdade para toda a população. Os avanços da medicina ainda são para poucos. Salas de procedimentos inteligentes, nanomedicina, nanobiotecnologia, farmacogenética, cirurgias robóticas, entre outros, são alguns exemplos. As pessoas de baixa renda têm muita dificuldade de cuidar e de ser responsáveis por sua saúde. Culpar os pobres pelo adoecimento e desconhecer os determinantes sociais, econômicos e ambientais como as principais causas da doença. Muitas pessoas não escolhem o estilo de vida que levam, simplesmente sobrevivem em ambientes sem as mínimas condições de vida. Associe esse cenário à má alimentação, tabagismo – cada vez mais comum nas classes baixas – e etilismo. Se houvesse verdadeira informação, o pouco dinheiro das pessoas mais pobres poderia ser usado numa alimentação baseada em vegetais, MUITO mais baratos. No entanto, o que a parte mais pobre da população come, notadamente nos meios urbanos, é uma alimentação baseada em produtos industrializados, principalmente carnes e laticínios altamente processadas, decorrente da enorme publicidade em torno desses produtos, apesar dos preços mais baixos serem proporcionais à sua qualidade. Resultado: alta incidência de doenças, baixíssimas expectativa e qualidade de vida. Você já comeu a Amazônia hoje? Os humanos precisam de um planeta onde viver. O pesquisador britânico Norman Myers, da Universidade de Oxford, um dos mais respeitados naturalistas do mundo, criou o termo "Conexão Hambúrguer" para ligar o consumo de carne nas redes de fast-food dos Estados Unidos à destruição das florestas na América Central. Um dossiê inspirado no termo de Myers foi feito em 2003 pelo Centro para Pesquisa Florestal Internacional, desta vez sobre a Amazônia. De lá para cá, a causa só cresceu. Um dos mais expoentes adeptos da campanha por menos carne e mais florestas é o biólogo americano Edward Wilson, da Universidade Harvard. Segundo ele, só será possível alimentar a população mundial no fim do século, estimada em 10 bilhões de pessoas, se todos forem vegetarianos. "O raciocínio é matemático", diz Greif. Para ele, alimentar os bois com pasto ou grãos é o meio menos eficiente de gerar calorias. A produção de grãos de uma fazenda com 100 hectares pode alimentar 1.100 pessoas comendo soja, ou 2.500 com milho. Se a produção dessa área for usada para ração bovina ou pasto, a carne produzida alimentaria o equivalente a oito pessoas. A criação de frangos e porcos também afeta as florestas. Para alimentar esses animais, é necessário derrubar árvores para plantar soja e produzir ração. Mas, na relação custo-benefício entre espaço, recursos naturais e ganho calórico, o boi é o pior. O gado tem sido considerado o grande vilão da Amazônia. Hoje, o Brasil mantém 195 milhões de bovinos. Há mais bois que pessoas. Cerca de 35% desse rebanho está na Amazônia. Para alimentar o gado, os pecuaristas desmataram uma área de 550 quilômetros quadrados, o equivalente ao Estado de Minas Gerais. Criados livres no campo, sem ração, os bois precisam todo ano de novas áreas derrubadas para a formação de pasto. Voltamos aos tempos do "bang-bang" ou nunca saímos dele? A pecuária na região Amazônica, no Brasil, está ligada à ocupação irregular de terras públicas. As terras da região pertencem ao Estado e em sua grande maioria foram tomadas na forma de posse. Para comprovar a posse da área tomada, o fazendeiro precisa mostrar que a terra é produtiva. Para isso também servem os bois. Além disso, segundo o Banco Mundial, o modelo regional de pecuária não traz o desenvolvimento. Seria até o contrário. Primeiro, porque a disputa por terras públicas faz a Amazônia ter um índice alto de assassinatos no campo. Cinco dos dez municípios mais violentos do país estão na região. Dados do Banco Mundial também demonstram que os Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) das cidades com grandes rebanhos são similares aos dos países mais pobres do mundo. É o grande agronegócio que produz comida barata e de qualidade, gerando muitos empregos? Segundo dados do relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), denominado “Estado da Alimentação e da Agricultura”, a agricultura familiar tem capacidade para colaborar na erradicação da fome mundial e alcançar a segurança alimentar sustentável. No Brasil, apenas 20% das terras agricultáveis pertencem aos pequenos produtores familiares, segundo dados do Censo Agropecuário realizado em 2006, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mesmo assim, a agricultura familiar é responsável por mais de 80% dos empregos gerados no campo, o que evidencia sua importância ao gerar renda local. Permitir a permanência do homem no campo significa permitir a produção de alimentos. Com uma produção diversificada, o setor produz cerca de 80% dos alimentos que chegam à mesa da população brasileira, como a mandioca (83%) e o feijão (70%), representa 84% das propriedades rurais, empregando, pelo menos, cinco milhões de famílias. Já as grandes propriedades rurais, no Brasil, são voltadas para produção de commodities, grãos que abastecem as indústrias e o mercado externo, basicamente para alimentar porco e galinha que vão ser comidos na China. Em outras palavras, trata-se da monocultura, o que é prejudicial para o solo e, consequentemente, para o meio ambiente devido ao uso de uma quantidade muito grande de agrotóxicos. Já na agricultura familiar, não. A produção é diversificada, realizada em pequenas propriedades, voltada para o mercado interno e com pouco ou nenhum uso de defensivos agrícolas. Vamos usar álcool gel e máscara pelos próximos 20 anos? Cientistas da Universidade de Cambridge identificaram sete rotas pelas quais uma nova pandemia poderia ocorrer e 161 maneiras de se evitar o risco. Quando se comemorava a chegada de 2020, com muitos votos de um feliz ano novo, o mundo não fazia ideia de que uma pandemia seria capaz de promover tantas mortes. Agora, em meio à crise do novo coronavírus e diante da ameaça de um novo vírus da gripe identificado em porcos na China, é preciso mudar drasticamente alguns hábitos. Mudar a relação com os animais é a principal e mais urgente medida para impedir que o mundo seja devastado por outros patógenos, segundo a equipe formada por 25 especialistas em vida selvagem e veterinária. Eles pedem que as pessoas tornem-se veganas, que se proíba o comércio de animais exóticos e reprima fazendas lotadas. Mas só se os humanos quiserem voltar a ter uma vida “normal”!!!!

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

AMO QUEIJO!!!

Vegano é um cara chato! Parece ser uma verdade. É chato mesmo, porque mexe com a consciência, o que não é definitivamente nada confortável. Se alguém disser que não come produtos de origem animal por alergia ou intolerância, ninguém vê nenhum problema. Mas se é por compaixão, aí muda tudo e a rejeição e a raiva são imediatas. Melhor desqualificar ou ignorar o mensageiro do que refletir sobre a mensagem. Certo? Só que veganismo não se resume nem se limita, de forma alguma, a uma opção gastronômica. Talvez seja esse o maior empecilho ao seu entendimento. Veganos não têm valores diferentes dos não veganos. Todos nos incomodamos com a dor e exploração desnecessárias de quem não se pode defender. Tendemos a ser compassivos e a agir quando sabemos que estamos a ser responsáveis pela tortura, exploração e mortes (desnecessárias) de criaturas dóceis e indefesas! Quem opta por não ser mais responsável pela tortura e morte de seres inocentes, não o faz porque deixou de gostar de queijo, leite, carne, ovos, peixe. Optou, sim, por não mais pagar por esses produtos que causam tanta dor e sofrimento aos animais, que devastam o planeta, que acaba com os peixes nos oceanos, que destrói florestas, que desperdiça água, terra e energia cada vez mais escassas, que infesta o planeta de embalagens, que gasta energia para sua conservação até o consumo, que gera empregos tenebrosos na indústria de produtos de origem animal, seja para os trabalhadadores que matam os animais, desmontando seus corpos ou criando-os em espaços onde sequer é possível entrar, dado o mal cheiro, como na indústria de aves. Imagine-se a triturar milhões de pintinhos nascidos machos na indústria de ovos. Ou a matar porcos e vacas durante todo o dia! Não é a toa que são os últimos empregos que as pessoas se sujeitam a aceitar, fazendo-o somente se não houver outra alternativa. O paladar acostumado a meia dúzia de alimentos não se compara em nada a todas essas consequências. Vale lembrar que as proteínas vêm todas dos vegetais que os animais comem. Só falta a B12, oriunda de uma bactéria, facilmente reposta. Uma combinação de cores no prato impossibilita qualquer deficiência nutricional desde que sejam ingeridas as calorias necessárias. O médico ou nutricionista que diz o contrário, hoje, deveria devolver seu diploma. Estuprar uma vaca e roubar-lhe o bezerro, matando-o para ficarmos com seu leite, afinal “amamos queijo”, não é a forma mais decente de obter cálcio. Quem escolhe o veganismo por entender que é a melhor escolha que podemos fazer em nossas vidas, não vai querer mais voltar a contribuir com tanto horror, com tanta injustiça, que obviamente não se restringe à comida, mas ao vestuário, aos produtos testados em animais, à comercialização de cães e gatos, à escravização de cavalos, aos circos que exploram seres vivos, à existência de gaiolas de qualquer tipo. É uma questão ética, sem qualquer sacrifício pessoal! Pelo contrário, ganha-se saúde, como um bônus pela compaixão. Além da consciência leve, que definitivamente não tem preço. Não é seita, não há taxas a pagar, não há carteirinha de vegano, e as opções gastronômicas estão cada vez mais abundantes e deliciosas em 2020. O que se chama, inapropriadamente, por puro desconhecimento, de “restrição alimentar” é, na verdade, a abertura de portas para paladares sofisticados, criativos, inovadores, cada vez mais deliciosos! Banquetes veganos, feitos com muito amor, além de saudáveis, são de comer com os olhos. Por que alguém voltaria a comer cadáveres e secreções depois de conhecer esse universo de possibilidades degustativas? Ao contrário do que se pensa e que é o motivo principal para as pessoas se assustarem e rejeitarem o veganismo, ou mesmo por odiarem veganos, deixar de comer animais é verdadeiramente a parte mais saborosa e gratificante dessa decisão. A parte complicada é mesmo não entender como é possível que as pessoas continuem nessa apatia moral de não querer saber como 60 bilhões de animais vivem e morrem, todos os anos, neste planeta, sem qualquer justificativa ou necessidade. Essa covardia tem consequências graves para tudo o que nos cerca, tanto no aspecto moral, quanto na sobrevivência da nossa própria espécie, ou mesmo de todas as outras espécies (as não escolhidas para serem exploradas e mortas) em franco processo de extinção. A mídia tradicional esconde e ignora, já que é patrocinada pelos responsáveis por esse holocausto contra seres sencientes. A mídia alternativa, os formadores de opinião, também desconhece e ignora essa barbárie e talvez seja a parte mais difícil de ser vegano. Entender o significativo e bárbaro silêncio de uma intelectualidade reconhecida e seguida por outros formadores de opinião. Falo de canais do youtube em que filósofos, historiadores, sociólogos, jornalistas que, realmente parecem ser pessoas inteligentes e éticas (pelo menos é assim que querem ser reconhecidos), desprezarem solenemente a existência de um movimento que é o único que realmente nos levará à paz e justiça no planeta. A reflexão é urgente, a mudança extremamente necessária! Temos mesmo muito pouco tempo para nos redimir desse crime em massa. Se chegou até aqui na sua leitura, pergunto: por que você não é vegano?

quarta-feira, 10 de abril de 2019

TIA LAURINDA

10 de abril de 2019. Uma charmosa borboletinha entre as flores de um jardim, primavera em Portugal onde nasceu Tia Laurinda, uma das criaturas mais admiráveis e respeitáveis que já encontrei. Como meu pai, essa senhora que viveu neste planeta por mais de 90 anos, mesmo quando ninguém se preocupava com os sentimentos dos animais não humanos, por eles lutou das formas que pôde, com um genuíno e verdadeiro sentimento de compaixão. Nasceu sensível e guerreira pelos direitos dos animais, quando essa sensibilidade não encontrava nenhum eco na sociedade, quando as pessoas eram consideradas aberrações por se preocuparem com os nossos companheiros que não sabem falar nossa linguagem. Talvez ainda hoje o sejam, mas apenas pelos menos informados ou pelos imunes à compaixão. Relembrava os gritos dos porcos sendo mortos na aldeia onde viveu, que ecoavam nos seus ouvidos mesmo passados 80 anos. Falava das ovelhas de quem cuidava e que ficavam a ser as mais bonitas, nutridas pelas pastagens e pelo carinho que essa menina da aldeia lhes dedicava. Já no Brasil, numa ida à praia, deparou-se com uma galinha a ser perseguida e ameaçada por crianças e não teve dúvidas: pegou a criaturinha e a levou para sua casa dentro de uma sacola, no ônibus, pedindo à Cida, a galinha, que ficasse quieta, pois ela não era uma passageira permitida, pelo menos enquanto fosse uma galinha viva. Cida viveu feliz no quintal por mais de 10 anos. Sortuda, ganhou mesmo na loteria. Tia Laurinda não comia animais terrestres. Permitia-se apenas comer peixe e não era muito. Lembro-me dela a contar da reação das duas tartarugas que com ela viviam, da Daniela e da sua companheira que, ao verem a Tia e a Maria vestidas para um casamento, saíram "correndo", assustadas, ao seu ritmo!!! Parece que as vestimentas para o casório eram bem estranhas mesmo. Os pássaros que eram alimentados no seu quintal, às escondidas das cachorras, também sentirão sua falta. Margarida, Sílvia e Norminha estão órfãs hoje. Não irão mais procurar as nozes que a tia escondia nos armários para que elas as achassem e comessem tudo, deixando só a casca. Mas São Francisco há de cuidar para que fiquem onde estão, ao lado dos novos moradores da casa, que estiveram com a tia até os últimos momentos. Tia Laurinda foi uma mulher muito à frente do seu tempo; sempre curiosa, dizia ter pena porque achava que não teria tempo de aprender tudo o que queria. Mesmo não tendo frequentado a escola, alfabetizou-se sozinha, comprou computador, lutava bravamente para elaborar e-mails, cometia erros mas entendia-se perfeitamente o que ela queria dizer. Aprendia "truques" informáticos facilmente. Tudo o que lhe ensinavam, ela valorizava e aprendia. Foi das primeiras a ter Facebook. Determinada, frequentou a Universidade da Terceira Idade. Deu-me "procuração" para assinar qualquer abaixo assinado em prol dos animais no nome dela. Afirmava que o importante era sempre assinar, sempre tomar posição. Percebeu até que se tirasse o cabo do modem do computador, entravam menos vírus. Antes do Wi-Fi. Padeira de mão cheia, qualquer ingrediente se transformava em deliciosos pães e doces, sem regras, sem ter como explicar. Era dedicação e magia. Tudo feito com muito amor. Não estou lá agora, mas meu coração está dela muito perto, que já não me queria ver, nem comigo falar há um bom tempo, por aqueles mal entendidos que nunca poderiam ter acontecido. Ai, tia, se eu tivesse tido a chance de lhe dizer o que faço aqui na sua Terra, tudo que pretendi fazer a vida toda pelos animais, que agora tenho essa chance, que faço de coração, com imensa alegria. Não deu para contar-lhe. Resta-me homenageá-la!! Que a tia fique livre de todo o sofrimento, de toda a dor que injustamente sentiu por tanto tempo, ferida após ferida de difícil cicatrização, que ela nunca mereceu, cuja dor eu queria que nunca tivesse sentido. Único consolo que tenho no momento: Tia Laurinda não sofre mais com tantas dores. Mesmo que não o seja, fica sendo a linda borboleta a voar e se exibir. Hoje recebi mais um estímulo para continuar minha luta pelos inocentes e indefesos. Meu enorme respeito e minha enorme ternura por essa mulher tão especial! Fica em paz, voa livre, tia!! Foi fazer sempre o meu melhor pelo meu ideal que sempre foi o seu ideal também!

terça-feira, 11 de agosto de 2015

ANIMAIS SELVAGENS EM ESTADO BRUTO

Alcochete, 9 de agosto de 2015. Voltamos a tempos pré-históricos. Senti-me em plena Idade Média, levada pela máquina do tempo Pela primeira vez, naquela localidade a 20 km de Lisboa, um grupo de pessoas decidiu dizer que não há como aceitar a existência, nos dias atuais, de um espetáculo medonho de tortura de animais indefesos, a título de "divertimento"! Tomamos coragem e fomos a um lugar conhecido como conservador (mais apropriado é dizer "atrasado" mesmo), com faixas, cartazes, apitos e palavras de ordem. Os doentes "apreciadores" dessa arte macabra das touradas não acreditaram na nossa ousadia. Chegamos, posicionamo-nos sob a orientação da polícia (GNR) e protestamos da forma que sabemos, colocando em prática o direito de denunciar a crueldade. Nunca vi nada parecido. Na maioria homens, com barrigas avantajadas, alguns meninos, e um olhar de ódio comum a todos, misturados a uma estranheza de quem nunca foi confrontado com o diferente, irados, a fazer gestos obscenos, gritando sem parar, provocando ... o inferno na Terra. O animal humano em toda a sua pior natureza bruta, rude, autoritária, sádica ... os mesmos que extrapolam todos os limites de perversidade ao divertirem-se dentro da arena ao ver o touro ferido, sangrando, ser brutalmente golpeado até o limite de suas forças! Vi os olhos dessa perversão, desse ódio, de todos os piores sentimentos que só o homem é capaz de sentir e externar, despidos e revelados à custa de bastante álcool ingerido. A polícia praticamente não os conseguia controlar. Tinha de segurá-los para que não investissem contra nós. Até que um deficiente moral apreciador da arte tauromáquica rompeu a barreira e atacou uma de nós. Outro, pela lateral, veio na minha direção e chutou-me violentamente a perna. Jogaram pedras, tomates, cerveja, areia, o que encontravam pela frente. Foi uma benção sairmos de lá sem maiores ferimentos. Considerando a selvageria que assistimos, fica fácil entender como é possível haver touradas ainda hoje em Portugal. Esses cidadãos que nos agrediram são a nata da escumalha local, mas as manifestações posteriores na Internet também demonstram a total inabilidade de tantas pessoas que usam os argumentos mais primitivos para justificar a existência de touradas como a de que os touros não existiriam se não fossem criados para esse fim. Como é possível um indivíduo alfabetizado apresentar esse tipo de raciocínio? .

domingo, 19 de julho de 2015

Paisagem bucólica, sofrimento invisível ...

Imagine-se com um ferro atravessando sua boca por incontáveis horas por dia! Imagine-se amarrado de todas as formas que só lhe permitam andar, não deixando que você se sente, nem se deite, nem se abane se moscas pousarem sobre seu rosto. Imagine-se sem poder procurar por água nem comida. Você não pode se mover, independente do que sinta. Suas necessidades são solenemente ignoradas. Quando você andar, será para puxar um peso que não escolheu. Dia após dia. Em troca de comida e água quando acharem que é hora de você recebê-las e não quando sua natureza o fizesse procurar. Dia após dia. Você é um escravo que vive cuidadosa e cruelmente amarrado, limitado, movido pelo medo que te ensinaram a ter, caso não faça o que lhe é determinado fazer. A dor e o incômodo do ferro na sua boca, a pressão nos seus nervos, você não pode descrever. Não tem a quem pedir ajuda para o libertarem. Você arrasta e bate seus pés no chão, único movimento que consegue fazer, para pedir ajuda, mas ninguém o vê nem ouve. No entanto, ninguém se incomoda com isso, mesmo que inúmeras pessoas estejam à sua volta. Você é invisível! Sua dor é invisível ... seu suposto "proprietário" não se importa com o que você sente; apenas o quer ver fazendo o seu "trabalho" que é andar, correr, usar sua força física para que ninguém o tenha de fazer. Pagam ao seu "dono" para usufruir de um passeio "bucólico" !!! Sintra, 19 de julho de 2015! Por ruas atulhadas de turistas, íngremes na sua maioria, onde mal cabem os carros, autocarros, transeuntes, ainda há carruagens obsoletas, conduzidas por senhores na sua maioria acima do peso, incomodados com ativistas que resolveram denunciar o sofrimento a que os cavalos são submetidos. Turistas param para ver os cartazes, quem sabe numa tomada de consciência de que aqueles cavalos são essencialmente escravos que não escolheram passar pela tortura que é ser escravizado! Que nada fizeram contra ninguém para merecerem essa vida de privações. Estivemos lá; ouvimos, como soe acontecer, quem se incomodasse com nossa denúncia, os mesmos que não fazem nada para o mundo ser melhor do que é, perturbados com pessoas que acreditam que há de haver mais compaixão com seres que não podem dizer o que estão sofrendo. Pessoas que não se conformam com a utilização de animais sencientes para uma atividade totalmente sem sentido depois da invenção do motor a propulsão. Chega! Não há "tradição" que justifique essa exploração. Os cavalos já contribuíram com o sofrimento da sua utilização em muito do que representou o desenvolvimento humano até hoje. Já foram escravizados demais, já sofreram demasiadas privações e exploração. Já é mais do que hora de serem vistos como seres sensíveis, que merecem todo o nosso respeito. E houve pessoas que se sensibilizaram. Vimos lágrimas, resultado da tomada de consciência, o que faz tudo valer a pena! Só resta esperar que o sofrimento daqueles belos seres, a partir de agora, seja menos invisível...

domingo, 31 de maio de 2015

Violência é morrer de fome????

Jardim da Estrela, Lisboa, 31 de maio, primavera de 2015. Festa para a terceira idade, onde idosos desfilavam com uma chapéu estiloso assinado por "corega". Recomendo fortemente a todos, que ainda tiverem tempo, que cuidem dos seus dentes!!! Paralelamente, enfileirados cada um com uma mensagem, ativistas pelos direitos dos animais expõem suas placas revelando animais enjaulados, feridos, privados da luz do sol durante toda a sua miserável vida, destinados a chegar aos pedaços, na forma de "carne", para alimentar os animais humanos naquilo que o senso comum considera ser a única forma de não morrermos de fome! Triste mentira! Humanos, como esta que escreve, sobrevivem muito melhor sem ingerir nenhuma forma de violência, travestida de alimento. O título deste texto foi dito várias vezes por um senhor irritantemente "normal" no que se refere a hábitos alimentares, numa lógica questionável, quando do aprofundamento da questão. Em contrapartida, já que parece haver alguma esperança no mundo, um pouco antes, pude observar as lágrimas de uma senhora que não se conteve aos observar as imagens das criaturas fabricadas pela "indústria de carne", teimosamente exibidas por pessoas que também se emocionaram da mesma forma, cada um a seu tempo, e que decidiram mudar seus hábitos e não ter pudores em denunciar tamanha atrocidade. Violência é violência e nós, humanos ainda capazes de sentir compaixão, não conseguimos mais aceitá-la. Tentamos, teimosamente, desconhecer o que acontece aos animais que escolhemos usar, matar e comer "para não morrermos de fome". Não queremos saber. É uma punhalada na consciência! São 65 bilhões por ano. Pintinhos moídos vivos porque nasceram machos e não vão botar ovos; bezerros que ficam meia hora com as mães e em seguida mortos porque queremos o leite que é deles; bois esfolados vivos durante o abate; porcas vivendo em gaiolas do tamanho do seu corpo para procriarem sem parar; porquinhos castrados a sangue frio, galinhas vivendo no espaço de uma folha de papel, bicos cortados e pernas quebradas por que não aguentam seu peso, ...., tudo sem ver a luz do sol, em ambientes insuportáveis pelo cheiro dos seus dejetos, regados a muito antibiótico para sobreviverem até o momento determinado para sua morte. O holocausto vivido a cada segundo, neste mesmo planeta que habitamos, tudo completamente escondido, por uma indústria macabra e poderosa, dos olhos dos responsáveis pelo sofrimento sem fim: os humanos que acreditam que morrerão de fome se não comerem carne; ou seja, quase todos os humanos. Chamam os ativistas pelos direitos dos animais de "fundamentalistas" por denunciar a violência, mas não se sentem "fundamentalistas" por rejeitarem completamente uma vida sem consumir violência. Vou continuar me esforçando para entender essa lógica.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

E O TÁXI PAROU .....

Quem era o motorista? Uma figura ímpar, carismática, tanto indo por estranhos caminhos, como ser malufista de carteirinha, quanto por defender crianças e animais quando essa posição era bem pouco frequente. Nunca deixou que seres desprotegidos sofressem qualquer tipo de violência em sua presença. Foi "fiscal da UIPA" (União Internacional Protetora dos Animais) quando pouco se pensava no sofrimento dos cavalos que puxavam carroças pela cidade de São Paulo: parava os carroceiros, conversava com eles, tirava-lhes o chicote, às vezes os arreios, para forçá-los a ir buscar na UIPA, onde recebiam um "sermão" antes de receberem os instrumentos de tortura de volta, se é que os recebiam. Meu herói. Meu pai. Muito antes da Internet, fez sozinho o que ninguém consegue imaginar. Quando temos compaixão pelos animais, sentimo-nos sozinhos, pois esse sentimento incomoda, é afrontador, questiona, tira outros humanos da zona de conforto, intimida e provoca reações de ódio. Ódio pela compaixão. Meu herói, ao final da vida, já com uma anemia persistente que lhe tirava as forças, concluiu que não queria mais comer carne, seu alimento preferido por toda a vida, quando ainda não percebia o que teve a chance de ver, nos últimos dias de sua jornada, quando disse: "é errado comer os animais" disse ele na última semana de vida. Nunca imaginei, mas ele teve a coragem de assumir essa posição. Foi coerente ao fim, ao cabo. E viveu o suficiente para ver seu amado Coríntians campeão do mundo. Viveu para ver o Palmeiras ser rebaixado. Viveu para conhecer o "Gambazão" num jogo da copa do mundo de 2014. Mal conseguia andar devido à anemia, mas fez um esforço enorme para chegar ao estádio. Gostava de tomar leite com groselha de colherzinha, fazendo barulho ao sorver cada gole! Falava mal dos motoristas que não tinham a chapa do carro de S.Paulo. Quem vinha de São Bernardo tinha vindo do "meio do mato". Andava sempre com as calças caindo. Nascera na Avenida São João, mais paulistano impossível, mas trocava os eles por erres sem a menor cerimônia: as "carças", o "vardemá", no melhor estilo Adoniram ... E seu anjo da guarda workaholic japonês, depois de salvá-lo de tombos, da convulsão que teve dirigindo o táxi, com passageiro e tudo, quando um rapaz viu a situação, entrou no carro e dirigiu até o hospital onde ele foi salvo, que cuidou para que nada acontecesse quando ele foi assaltado, que estava firme quando ele teve um princípio de AVC e foi socorrido por um providencial carro de polícia que passava exatamente quando ele desabou na rua, que sempre esteve firme a cada situação de perigo, também foi tão bondoso ao não deixá-lo saber que a Dilma ganhou no segundo turno das eleições: meu herói ficou inconsciente antes do resultado final!! Não teve que engolir a quarta vitória do PT! Foi em paz, partiu tranquilo. Ao ser velado, estava com o semblante calmo, sendo acarinhado pelas crianças presentes, como se soubesse que estavam ali, crianças que ele amou com paixão pela vida toda. Partiu em paz, deixou uma lição de amor aos que não podem se defender.

sábado, 2 de junho de 2012

UMA MENTIRA COM GRAVES CONSEQUÊNCIAS

Informações erradas podem levar a políticas erradas. E, neste caso, com gravíssimas consequências. Cansei de escutar no noticiário da TV que os custos trabalhistas são altíssimos no Brasil, beirando os 100% do valor do salário pago. Baseando-se nessa cifra, empregadores deixam de registrar seus empregados. Mas, depois de passar mais de 20 anos de minha vida profissional analisando folhas de pagamento, posso garantir que esse percentual é muito inferior e, o que muitos declaram como "custo trabalhista" são direitos que acho meio estranho tirar dos trabalhadores nesta fase de desenvolvimento da sociedade. Somando-se a contribuição patronal para a previdência ao fundo de garantia por tempo de serviço, o percentual é de, no máximo, 37% sobre o salário pago ao empregado. O restante dos custos corresponde às férias (com um terço de remuneração adicional) e décimo terceiro salário. Se alguém quiser chamar isso de custo trabalhista, corresponde a mais 20% do salário. Vale dizer que as empresas consideradas pequenas não pagam a contribuição patronal à previdência, o que reduz os tais encargos apenas às férias e ao décimo terceiro. Lógico que algumas empresas podem oferecer muitas outras vantagens ao empregado, em substituição ao pagamento de um salário mais alto. No entanto, não é o que acontece com a maioria dos empregadores, que estão sujeitos a um custo adicional de, no máximo, 40% da folha de pagamento. Mas, como essa informação dos tais 100% é repetida na mídia à exaustão, continuamos com índices alarmantes de mão-de-obra não regularizada nos termos da lei e um exército de cidadãos sem os direitos mínimos nas relações de trabalho. Ou seja, cidadãos de segunda classe. Até quando a mentira vai perdurar????

domingo, 6 de maio de 2012

RAZÕES PARA SE ADOTAR UM CÃO ADULTO


Alguns aspectos a serem lembrados, para quem pensa em ter um companheiro de 4 patas. Nem quero me lembrar que ainda há pessoas que  compram animais. Mas, se estiver em dúvida sobre adotar um animal filhote ou adulto, sendo que os adultos são os mais encalhados nos abrigos, sugiro que considere as seguintes questões:


  1. Cães adultos dificilmente choram à noite nos primeiros tempos em sua nova casa, como fazem os filhotes, com saudades da mãe e dos irmãozinhos da ninhada.
  2. Quem adota um cão adulto já sabe ao certo o tamanho exato deste animal. Muitos filhotes crescem mais do que o esperado o que pode vir a ser, muitas vezes, um transtorno para seus donos.
  3. Cães adultos estão mais preparados para passar parte do tempo sozinhos em casa, sendo os companheiros ideais para aquelas pessoas ficam ausentes de casa durante o dia todo. Os filhotes geralmente sofrem muito mais com a solidão.
  4. Cães adultos são resistentes à maioria das doenças que podem matar na fase de filhote. Infelizmente, quando se adota um filhotinho, este pode sim vir a falecer por causa de doenças como a cinomose, por exemplo, fazendo com que seu novo dono sofra muito com sua perda prematura. O mesmo dificilmente ocorre no caso de cães adultos.
  5. Cães adultos já sabem como se comportar. Já aprenderam a fazer xixi no lugar certo e a comer sem fazer estripulia, não exigindo assim de seu dono o tempo, a atenção e a paciência necessários para ensinar um filhote a se comportar. Só quem já teve um filhote em casa sabe quanto xixi e cocô se tem que limpar até que este aprenda onde fazer suas necessidades!
  6. Cães adultos no geral não fazem as estripulias típicas dos cães filhotes. São mais calmos. Dificilmente saem pela casa destruindo sofás, roendo pés de cadeiras, ou pegando e rasgando todas as roupas e sapatos que vêem pela frente.
  7. Um cão adulto, por ser mais ágil e resistente, pode ser o companheiro ideal para crianças. Crianças pequenas demais também podem acabar machucando cães filhotes por não saberem ao certo como carregá-los, alimentá-los, etc., o mesmo já não acontece no convívio entre cães adultos e criancinhas.
  8. Ao se adotar um animal adulto, já se tem noção de sua personalidade, sendo mais fácil escolher aquele que melhor vai se encaixar nas expectativas e na rotina de vida de seu novo dono. Nos canis, os protetores sabem quais são os animais mais dóceis, tranqüilos, os que se dão bem com crianças, aqueles que se dão melhor com outros animais, os que são mais agressivos, etc., passando estas informações de antemão para os interessados na adoção dos animais. Já com um filhote, não se sabe ao certo como será moldada sua personalidade.
  9. Cães adultos devem ser adotados já castrados, evitando assim que seu novo dono sofra com a ocorrência de crias indesejadas; também evitando que seu dono tenha que se preocupar com o período certo para se fazer a castração e com os cuidados pós-operatórios, necessários no caso das fêmeas.
  10. Por terem sido abandonados e por terem sofrido muito nas ruas, os cães adultos adotados geralmente são muito gratos a quem os acolhe e dá amor, desenvolvendo laços muito fortes de amizade e carinho com seus donos, o que muitas vezes não acontece no caso de cães criados desde filhotes com seus donos.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

DOS COMANDOS BINÁRIOS AO BLOG

Iniciei-me nos estudos da informática há 35 anos, quando entrei na faculdade. Na época, aprendíamos linguagem binária, em que as duas alternativas eram o aceso e o apagado, o ligado e o desligado. Tínhamos de aprender a raciocinar da forma mais básica e primitiva possível, criando programas em que explicávamos detalhadamente, ao computador, o que ele deveria fazer. Apesar de ser algo extremamente demorado e cansativo, proporcionou a quem teve esse tipo de experiência a possibilidade de exercitar alguns neurônios não  requisitados até então. Ao montar um programa, como os computadores possuíam pouco espaço, era necessário optar entre utilizar mais memória ou mais passos de programa, já que eram limitadíssimos. A evolução, desde então, foi assustadora, com incontáveis vantagens para a execução de qualquer tipo de atividade. Acredito que estamos vivendo uma nova era, desde o advento da informática e da Internet. Talvez seja uma revolução inédita na sua forma e possibilidades abertas. Sinto-me uma privilegiada por estar vivendo essa "passagem" ,tendo tido a oportunidade de acompanhar cada passo dessa revolução, pois há tantos contemporâneos meus que não têm acesso ou, pior, não têm interesse em fazer parte dessa revolução, continuando a viver como se nada tivesse acontecido. Quem lê este blog consegue me explicar como foi possível viver tanto tempo sem computador e Internet????

ESPORTE E SAÚDE, FÍSICA E MENTAL

Praticar esportes é uma excelente forma de manter a saúde. Não há como contestar. Com maior ou menor frequência e intensidade, o corpo humano precisa de atividade. Caminhar, nadar, correr, pedalar ou mesmo competir trazem inegável sensação de bem estar. No entanto, não é essa experiência que domina as mentes e intenções das pessoas que utilizam seu tempo no assunto "esporte". Há, sim, um fanatismo no que se refere aos times de futebol, que domina a quase totalidade dos espaços, quando o assunto é "esporte".  Minha visão é de que as disputas entre adversários, sejam times, cidades, países, ou que for que estiver em jogo, é uma alternativa às "guerras", na prática de real beligerância, com toda a descarga de adrenalina correspondente. Se, por um lado, há um desgaste absurdo dos atletas profissionais, que vai muito mais na contra-mão da manutenção de sua saúde, as brigas entre as torcidas  levam a tudo, menos ao estímulo à solidariedade, tolerância, responsabilidade, que devem ou deveriam praticar os atletas em campo. Realmente, quando praticados por grupos que necessitam do estímulo a esses valores sociais, não há como negar o valioso serviço à sociedade que a prática de esportes proporciona. Mas, quando se vê o tempo e energia despendidos pelos expectadores nos momentos de disputa, seja do seu time, do seu país,  acredito que haja uma supervalorização, principalmente do público masculino, da "especialização" no que se refere ao acompanhamento do que acontece nesse "mundo". Quantos "fanáticos" por esporte cultivam suas grandes barrigas, bebendo cerveja e fumando, ao som dos intermináveis "gooooooooooool" dos "melhores momentos" do esporte?   É óbvio que é muito mais interessante assistir a qualquer partida de futebol do que perder tempo assistindo novelas ou praticamente qualquer coisa que apareça na TV aberta no Brasil. E não há como negar que as discussões em torno de esportes sejam um fator valioso na socialização entre as pessoas. Só seria bom se restassem tempo, energia, interesse, do público masculino ou feminino, para dedicação a questões muito relevantes num mundo cheio de informações, como nunca houve neste planeta, que precisam de muito mais atenção, cuidado e atitude. A alienação é muito confortável, mas, se praticada em excesso, coloca em risco o bem-estar coletivo!!!

segunda-feira, 23 de abril de 2012

UM BOM PROBLEMA

Já ouvi alguém dizer que ainda é melhor morar numa Europa em crise do que num Brasil em processo de notável desenvolvimento. Eu também acho. Mas, mesmo que permaneçam na nossa pátria a escandalosa miséria, os baixos padrões educacionais, a corrupção, a usurpação do Estado para fins particulares, o clientelismo, ...,  graças a um tosco mas real crescimento da economia, a classe média começa, finalmente, a perceber que talvez a escravidão comece a dar sinais de esgotamento. Refiro-me ao crescente custo do serviços domésticos, "lamentado" pelos representantes da mídia, ao darem esse tipo de notícia, que entra, finalmente, em discussão. Ora, vale lembrar que o serviço doméstico só  faz parte do nosso cotidiano de país progressista, em troco de um salário aviltante como sempre foi, porque pouco mais de uma centena de anos nos separa do fim oficial da escravidão. Mas, seja como for, graças ao crescimento da economia, a classe média que se recusa a cuidar de si mesma, na realização de serviços domésticos, tem de despender cada vez mais numerário para manter suas mordomias na contratação de exércitos de serviçais. Estamos, assim, diante de um bom problema, que não tem nada a ser lamentado, pelo menos por quem acha que a sociedade deva caminhar para ser cada vez mais justa e igualitária. De quebra, com o aumento do consumo de eletrodomésticos, pois no fim das contas é bom por as máquinas e não as pessoas para realizar tarefas repetitivas, quem sabe se o preço das lava-louças não cai, finalmente?

sábado, 21 de abril de 2012

Você "possa"?

Hora do almoço num sábado.  Enquanto aguardava por uma mesa, presencio um curto diálogo de profundidade impressionante: um simpático casal e um filhinho que aparentava ter entre 2 e 3 anos, não mais que isso, com certeza; ao ver o aperitivo colocado à disposição dos clientes que esperam por um lugar, o pai não resiste a uma inofensiva cairipinha. Mas, tomados por um grande cuidado com a possibilidade do filho querer experimentar o que o pai iria ingerir em seguida, ambos os adultos apressaram-se em dizer ao menino que aquela bebida fazia "muito mal às crianças", pois continha álcool, como apropriadamente frisava a etiqueta colada junto à torneirinha de onde saía o apetitoso líquido. Imediatamente, o garoto, ainda treinando a conjugação verbal, pergunta ao pai, que já se preparava para ingerir o tal líquido perigoso: "E você, possa?". Com um misto de surpresa e constrangimento, os pais ensaiaram uma resposta, que não cheguei a ouvir, já que minha vez de entrar chegara. Também, depois dessa pergunta, de alguém que, mesmo não sabendo conjugar um verbo, mas raciocinando com uma lógica certamente não percebida pelos pais, demonstrou claramente o que a sociedade insiste em não assumir: o exemplo dos pais no que se refere a hábitos pouco saudáveis ou, no caso do álcool, tão perigosos e danosos. O consumo do álcool e suas consequências, notadamente na violência entre pessoas, nos acidentes trânsito, é uma tragédia nacional, em nada debatida ou combatida. Pelo contrário, continuam as propagandas, os patrocínios e todo o tipo de incentivo ao consumo de álcool, a ponto de as pessoas se orgulharem do quanto conseguem beber. Quase uma imposição para a vida social, onde aqueles poucos idiotas que se recusam a consumir bebidas alcoólicas, ainda são inspiração para piadas, assim como os consumidores de álcool declarem suas preferências e quantidades com um grande orgulho, com risinhos entre os lábios. Será que a falta de debate se deve aos altos valores despejados na mídia pelas indústrias de bebidas alcoólicas? Voltando ao sábio garotinho, se a tal bebida que saía daquela torneirinha era tão danosa, porque o pai, seu  natural mentor, iria consumi-la sem pestanejar?

quarta-feira, 4 de abril de 2012

EXPLORAÇÃO TERCEIRIZADA

Uma das poucas diferenças entre o ser humano e o restante dos representantes do mundo animal é a complexidade de tarefas para sua sobrevivência com um mínimo de dignidade: como se veste, o ser humano precisa que alguém lave e talvez passe suas roupas; como precisa alimentar-se, alguém há de se dispor a comprar os ingredientes e preparar a comida, além de, depois, lavar tudo o que se sujou para esse preparo, assim como para sua deglutição; como usa o banheiro, há de haver um semelhante seu que cuide da limpeza do recinto específico, que em algum momento precisará ser feita; e, como dorme numa cama e toma banho (pelo menos deveria fazê-lo regularmente), também é necessário que as roupas de cama e banho também passem por um processo de higiene periódica. A questão que quero colocar é justamente quem cuida dessas tarefas, quando o próprio ser vivente não se sente capaz ou não tem vontade de cuidar de si mesmo. Arriscar-me-ei a expor minhas inquietudes a respeito da divisão do trabalho doméstico, presente em todos os tempos e culturas de que temos notícia.
Vou começar pelo que considero uma indicação de que a civilização pode ser finalmente justa na equiparação entre os seres humanos de diferentes gêneros e classes sociais: um deputado sueco cuida pessoalmente da sua sobrevivência num apartamento de aproximadamente 30 m2, conforme noticiado na mídia. Ou seja, ele limpa, faz compras, cozinha, separa seu lixo, lava e passa sua roupa!!
Já nestas paragens que habitamos, quem pode, paga para uma representante do sexo feminino, que se sujeite a ganhar o menor salário possível, para cuidar dessas tarefas consideradas menos nobres.
Claro que há inúmeras situações e disponibilidade de tempo dependendo do trabalho feito fora de casa, mas é evidente que parece que algumas pessoas vieram ao mundo para sujar e outras para limpar. E aquele que veio para sujar, dificilmente dará valor ao que veio para limpar. Pelo contrário, sempre vai se orgulhar de quanto não precisa fazer. Se tudo aparecer limpo, organizado, disponivel, nem se dará conta de como tudo aconteceu. Se, por outro lado, houver sujeira, a geladeira estiver vazia, a roupa suja se acumular, é porque alguém não cumpriu seu papel. O que fará o privilegiado constatar que precisa reclamar.
Infelizmente, dada a proximidade que separa nosso atual estágio civilizatório das sociedades mais primitivas, a condição feminina continua extremamente desfavorável no que tange à divisão igualitária do trabalho doméstico. O fato é que, em diversas formas, das mais evidentes às mais subliminares, a mulher continua sendo explorada dentro das famílias, a menos que possa terceirizar essa exploração, repassando para outras mulheres, no trabalho doméstico, a mesma exploração!!

terça-feira, 3 de abril de 2012

A TAL POLÊMICA DAS SACOLAS PLÁSTICAS

Não há quem não saiba que o planeta vive um problemão representado pela fabricação e não destino adequado das sacolas plásticas. Muitas opiniões são externadas, mas pouca informação consistente permeia a discussão na mídia. Quase sempre se argumenta que as sacolas dos supermercados são usadas para acondicionamento de lixo doméstico, o que é uma realidade. NO ENTANTO, o que sempre observei no trabalho de empacotadores, quase sempre presentes nos supermercados, é um tremendo DESPERDÍCIO, travestido de bom serviço prestado ao consumidor, que sai de lá todo orgulhoso do bom atendimento do estabelecimento, que lhe fornece uma quantidade generosa de sacolas plásticas que irão poluir o planeta que também habito!!! Sempre tentei embalar minhas compras, já que a maior parte do meu carrinho é de frutas, verduras e legumes que, normalmente, levo anos para escolher, já que pago bem caro por hortifrutis no supermercado.  Se eu não cuidar dos meus delicados mamões, ninguém o fará. Então, embalo tudo; hoje, nas minhas sacolas retornáveis. Mas, olhando o caixa ao lado, vejo empacotadores  preocupados com a gorjeta que poderão ganhar, além da agilidade no acondicionamento dos produtos. Aí, não tem jeito! é um festival de desperdício atrás do outro, colocando em cada sacola poluidora,  no máximo, 30% da sua capacidade. Ou seja, a questão da cobrança pelas sacolas é o preço delas, o que fará diminuir o desperdício. Não tem outro jeito!!!! Esqueça qualquer possibilidade de conscientização, pois isso não existe.
E o lixo? Onde colocá-lo?
Bom, depois de muito pesquisar, descobri que começou a ficar disponível aos brasileiros um produto que já era fabricado aqui, embora a produção fosse totalmente exportada: sacos feitos com etanol da cana de açúcar brasileira. Certamente, aparecerão muitas alternativas. O saco para lixeirinha de banheiro custa por volta de R$ 0,10/unidade, que não parece ser nenhum absurdo, mas é melhor encher totalmente o saquinho antes de mandar para o lixão. Afinal de contas, pagando por ele, dar-lhe-emos mais valor. E, por isso mesmo, não é recomendável que os supermercados forneçam esse tipo de sacola de cana-de-açúcar gratuitamente. Se for assim, com a ajuda dos inestimáveis empacotadores e seus ilustres clientes satisfeitos, acabaríamos com o que resta da Amazônia para plantar cana-de-açúcar suficiente!!
O consumidor já aprendeu que tem direitos, mas está na hora de saber que também tem obrigações.

domingo, 18 de dezembro de 2011

BROTOEJAS E PEDRADA NA VIAGEM A GUARAPARI

Era para ser uma viagem emocionante. E foi! Em 1979, eu trabalhava meio período e estava começando o terceiro ano da faculdade. Para variar, a grana era prá lá de escassa naqueles tempos. Aos quase 20 anos, eu nunca havia ficado mais que algumas horas em alguma praia, que só visitava na condição de autêntica farofeira. Foi aí que a Bete, minha amiga de muitos anos, convidou-me para ir com sua família para Guarapari, onde ficaríamos num hotel por 9 dias. Nove dias!!! Não resisti, apesar de não ter um tostão guardado para uma ocasião dessas. Juntei uns caraminguás, compramos passagem de ônibus e seguimos por longas horas, num destino a 900 km de S.Paulo. Lá na praia, tudo era novidade para mim: as areias pretas, acordar e ir dormir sem ter que ir embora daquele lugar tão gostoso, os passeios, ... até a comida do hotel, que não era tão grande coisa, mas como eu era muito esfomeada, comia muito. Parecia que tinha voltado de uma guerra. Até que, por não usar protetor solar (acho que usava bronzeador para queimar mais), comecei a sentir uma coceira dos braços. Conforme eu coçava, minha pele ia ficando vermelha e as brotoejas iam aparecendo e se espalhando. Um horror! Depois de 5 dias, eu já não aguentava mais e ainda ficaríamos ali por um tempinho. Foi difícil esperar, embora eu ainda tivesse alguma esperança de a coisa melhorar. Mas, que nada! Só piorou. Foi espalhando pelo pescoço, costas, apareceu na barriga, nas pernas, ... Na volta, no ônibus, combinamos, a Bete e eu, de revesarmos a janelinha. Aí percebi que minha falta de sorte ainda não tinha acabado. Assim que trocamos, e era eu que ficaria na janela, uma pedrada acordou-me do primeiro cochilo que conseguira tirar. O vidro estilhaçou-se todo e entrou na minha roupa, nas minhas orelhas, ... E, pior, com o vento que entrava, não dava mais para ficar ali no banco. Resultado: como não havia nenhum banco vago, terminei a viagem sentada nos degraus do ônibus, ao lado do motorista, que nem simpático foi comigo. Ninguém, absolutamente ninguém, dispos-se a me ceder, ainda que temporariamente, uma poltrona para que eu descansasse um pouquinho. Uma solidariedade !!!!
Na volta, somente alguns dias depois, com o tempo mais fresco, é que as brotoejas começaram a secar. O resultado não foi o bronzeado tão sonhado, lógico, mas o alívio de sentir a coceira passar foi fantástico.  Eu adorava ficar arrepiada de frio. Já os estilhaços de vidro ainda saíram da minha orelha por uma semana. Não sobraram sequelas, só a frustação do bronzeado que não obtive, além do extremo cuidado que tive daí em diante com minha falta de melanina. Já o custo da viagem, que paguei depois, foi um mês inteirinho do meu salário que acabara de receber. Nem sei como consegui grana para sobreviver até o salário seguinte. Ô dureza!!

A HISTÓRIA DA CARLOTA

 A Carlota chegou às nossas vidas em setembro de 2008. Foi uma sequência de acasos com um final inesperado e vitorioso, graças à obstinação dessa criaturinha.

Ao ir para o trabalho, eu pegava o metrô na estação Sumaré, onde eu via vários gatinhos que ficavam perambulando por ali. Uma noite, enquanto aguardava que meu pai chegasse para me dar uma carona de volta para casa, notei uma gatinha que mancava, junto aos outros. Fiquei com pena e resolvi resgatá-la para dar à minha sogra, já que a Charlote morrera pouco tempo antes. No resgate da Carolina, a manquinha, fiquei sabendo que quem cuidava de mais de 20 gatos por ali era a Dona Masako, um doce de criatura que se entrega à missão de salvar o maior número de vidas que ela consegue, naquela região.

Foi contando a história da Carolina para o Rafael. que ele perguntou se tinha mais gatinhos como ela por lá, que ele pretendia adotar para fazer companhia às suas outras duas gatas. Pedi, então, à Dona Masako, que escolhesse um gatinho que precisasse mais desesperadamente de sair das ruas. Imediatamente, Dona Masako lembrou-se da Carlota, que nem nome tinha, uma gatinha que fora castrada, perdendo os filhotes que esperava e foi devolvida às ruas, por não ter nenhum adotante que a quisesse. Nas ruas, seu "endereço" era embaixo de um viaduto, em Pinheiros, próximo à Av.Sumaré, de onde a Carlota não se afastava, esperando pelo seu destino.

Quando meu pai chegou com a Carlota na minha casa, que seria seu lar provisório, a primeira providência dessa hóspede foi fazer xixi na minha cozinha inteira, tão desesperada ela ficou com o lugar estranho onde chegara. E, antes de doá-la ao Rafael, decidi levá-la ao veterinário e fazer exames de possíveis doenças transmissíveis às outras gatas dele. E qual não foi nossa tristeza ao saber que ela era portadora de FELV! Quando os gatos têm esse vírus, que não contamina o ser humano, eles têm de ser "filhos únicos". Aí não tive escolha senão destiná-la à minha mãe, único lugar para onde eu poderia levá-la, já que não poderia ficar junto das minhas gatas.

Mesmo a contragosto, minha mãe teve de aceitá-la. Mas, duas semanas após sua chegada, minha mãe ligou-me dizendo que a Carlota estava comendo a areia da bandeja e estava muito fraca. Liguei para nossa veterinária, a Dra.Helena, que nos orientou a levá-la ao Pronto Socorro, pois ela certamente estava com uma anemia severa. Foi o que fizemos e descobrimos que ela tinha uma doença transmitida pela pulga, que a estava matando rapidamente. No Pronto Socorro, a veterinária que cuidou da Carlota achou, inicialmente, que ela não sobreviveria, dada a rapidez com que a Carlota foi enfraquecendo. Numa de nossas visitas, ela explicou que estava impressionada com o estado de fraqueza em que ela chegou, ao mesmo tempo em que via os sinais de que a Carlota lutava desesperadamente para sobreviver, o que era constatado pelo seu exame de sangue. E tanto lutou, que sobreviveu. Seu caso ficou famoso no Hospital veterinário.

Mais tarde, minha mãe contou que fizera uma promessa para São Francisco de Assis que, se a Carlota sobrevivesse, ficaria com ela, idéia que ela rejeitava até aquele momento. Quando voltou para casa, ainda teve de tomar um remédio durante um mês, coisa que meus pais faziam muito sem jeito, mas que conseguiram dar conta.

Tempos depois, foi muito bom chegar à casa deles e ver os três juntos assistindo TV. A Carlota não ficou mais doente e pode ser até que tenha derrotado o vírus da FELV, de tão forte que está agora. Ainda não repetimos o exame porque ela detesta sair de lá. É só ver a gaiolinha que entra em pânico. Também, né, depois de finalmente conseguir um lar carinhoso, não é nada bom se arriscar a perdê-lo!! Essa deu um duro danado para conseguir esse cantinho para viver!

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

QUER SER UM BOM EXEMPLO?

Sempre fiquei incomodada ao ver cães e gatos abandonados ou  cavalos magros puxando carroças lotadas sob chicotadas, coisas que eu via desde pequena, morando na periferia de São Paulo. Sem falar na tristeza ao ver pássaros em gaiolas, touradas, utilização de animais em circos ou rodeios, e tantas formas de torturas inventadas pelo ser humano para seu entretenimento.
 
Mas, apesar de sentir pena, eu achava que era um problema meu, já que isso acontece desde sempre. Pelo menos, era o que me diziam: “É, mas fazer o quê, com tanto problema no mundo?” Realmente, o mundo tem muitos problemas, muitos de difícil solução. 
Bom, aí veio a Internet e todas as suas tão infindáveis possibilidades, dentre tantas a de descobrir que eu não era a única a me incomodar com a forma como os animais são abandonados e maltratados. Antes da Internet, se eu ameaçasse falar da minha preocupação com os animais, eu ouvia o clássico: “e com as crianças, você se preocupa?” Ainda ouço isso, mas agora sei que o problema não é comigo e sim com a falta de informações e de reflexão por parte dos supostos críticos. As pessoas que se interessam por ter animais, cães ou gatos, automaticamente pensam em comprá-los, de preferência aqueles considerados “de raça”, sugerindo, assim, necessidade de ostentação. Por outro lado, existem milhares de animais abandonados pelas ruas, e um enorme número de abrigos de pessoas que, mesmo sem recursos financeiros,  por compaixão dos bichinhos, acabam por acolhê-los. A falta de informação e o raciocínio limitado, que a maioria das pessoas dedicam ao assunto, criam um cenário no qual as pessoas que têm compaixão e refletem sobre o motivo pelo qual é mais do que justificável se importar com os animais, são moralmente violentadas, quando suas motivações tão racionais quanto emocionais são desqualificadas com argumentos de rebuscamento vulgar.

Cães e gatos são deixados às suas portas, de “raça” ou não,  e essas pessoas verdadeiramente altruístas, acolhem-nos por não verem outra solução, embora sempre já estejam muito, muito acima de suas possibilidades. Esses assim chamados protetores de animais normalmente não têm sequer como manter a si próprios, mas acolhem os bichos dependendo exclusivamente das doações que pedem e por elas esperam na maior angústia, pois, se não vierem, terão de conviver com animais passando fome, sem poder tratá-los, haja vista que a maioria é deixada em abrigos em estado deplorável. Nem é preciso dizer que receber ajuda financeira, num mundo onde há tanto trambique, é coisa complicada. Aliás, ninguém critica colecionadores das mais diversas tranqueiras, mas se você disser que ajuda abrigos de animais, dizem que a prioridade é o “ser humano” (?!). 

Voltando aos abrigos, não é difícil imaginar, também, que, embora o que esses protetores mais queiram é que apareçam adotantes, pessoas que, ao invés de COMPRAR um cão ou gato num Pet Shop, procurem nos abrigos por um novo amigo, os adotantes são raríssimos. Há uma regra entre os protetores que os animais devem doados após serem tratados, vacinados e castrados, já que um animal não castrado pode dar origem a milhares de outros animais. Já os “Pet shops” não têm essa preocupação, pois castrá-los diminuiria o lucro/unidade. 
Acredito, na melhor das hipóteses, que quem compra um animal, por realmente gostar de animais e não para ter mais um objeto de consumo a ostentar, não tenha noção da possibilidade de adotá-lo num abrigo ou nem cogite tirar um da rua, prática não corrente em nossa sociedade, por falta de informação e conseqüente reflexão. Ninguém pega uma doença se tiver práticas higiênicas ao recolher o animal. O fato é que os abrigos só são lembrados para DESOVA de animais. “Quer se livrar do bicho? Eu conheço uma velhinha que “pega”!!!!! E aí a prefeitura cai em cima do protetor, pelo excesso de animais, não causado pelo protetor mas pelo abandono, tanto daqueles que descartam os bichos que compraram, quanto do Poder Público, ineficiente no controle populacional através de castrações e doações responsáveis.

Pessoas que recolhem animais abandonados estão prestando um serviço ao Estado, que deveria ser responsável por elaborar políticas públicas para os animais domésticos, já que todos os animais são tutelados pelo Estado, conforme determinado pela Constituição Federal.  E não poderia ser diferente, já que o acolhimento de animais é SANITÁRIO, pois tanto se fala que é um perigo pegar doenças de animais, ainda mais se eles estiverem doentes nas ruas e as sujando; também, e talvez até de mais importância a ser destacada, é que  esse trabalho dos protetores é também EDUCATIVO, uma vez que claramente ensina, sobretudo aos jovens, a importância de se ajudar o outro, sejam pessoas ou animais em estado de sofrimento. É não se divertir com o sofrimento alheio. É não desmerecer a vida do outro. É uma aula para como se tratar as pessoas. Trata-se verdadeiramente de uma cultura de paz e não violência, de demonstração da compaixão e do acolhimento... e também do não julgamento do outro pela "raça", cor ou sexo. 

Se é possível conseguir adotantes para animais, com uma política conjunta de castração e proibição de comércio, por que continuar com o extermínio nos CCZ’s, cujas mortes acontecem de forma violenta e indiscriminada?
Quando saem notícias nos jornais de que o mercado PET cresce tanto, enquanto os abrigos estão cada vez mais lotados, fico pensando no que é a falta de informação, culpa de nossa imprensa tão desinformada e incompetente: sempre que aparece alguma matéria no jornal, é sobre “artigos de luxo” para poodlezinhos de madames, que usam o colar tal, que custam milhares de reais, deixando as pessoas, que não gostam tanto de bichos, indignadas porque os bichos vivem melhor que as crianças. Lógico! Até eu me incomodo quando o bicho representa um gasto absurdo mensal, até porque o cachorro não está nem um pouco interessado nisso. Quando vejo empregadas passeando com cães aqui no meu bairro classe média, tenho certeza que o patrão gasta mais com o cachorro do que com a empregada !!!! Mas isso já foi assunto de outra postagem neste blog.
Se você, leitor, ainda achar que quer um cão ou um gato “de raça” (olha o holocausto aí, gente!), saiba que esses coitados estão propensos a muito mais doenças, dado o cruzamento entre famílias, para tornar a raça “pura”. Vira-latas, como nós todos somos, são fortes, inteligentes, não precisam da tosa “da raça” (estão sempre prontos!), fiéis, até heróis e, ainda assim, são melancolicamente rejeitados!!!!!
Por isso, caro leitor que aqui chegou, quando pensar em ter um bichinho, ou souber de alguém que esteja pensando no assunto, recolha um animal abandonado ou procure num abrigo. São inúmeros. Você fará um ótimo negócio, pois o bicho será gratuito. Não custa tanto ser racional. Você pode tornar o mundo menos cruel e dar um grande exemplo a seus filhos, aos vizinhos, ao cunhado, ...