quarta-feira, 12 de outubro de 2011

TERCEIRIZAÇÃO E DESUMANIZAÇÃO

Quando começei a trabalhar, mais de 35 anos atrás, todos os funcionários das empresas onde estive eram empregados da mesma empresa. Não havia terceirização. A copeira, o vigia, todos nós vivíamos as mesmas condições de trabalho, estabilidade, comprometimento, diferenciados apenas pelos cargos e salários. Até que fui trabalhar num banco público, achando que não poderia haver situação diferente dessa. Um dia, conversando com o Sr.José, que cuidava da limpeza do andar onde eu trabalhava já há um bom tempo, ele disse-me que era funcionário da Empresa "X". Achei estranho e pensei que ele até estivesse brincando. Só depois entendi o processo e fui acompanhando o quanto essa forma de contratação de empresas que "fornecem" mão-de-obra foi se expandindo, criando-se uma legião de pessoas que trabalham sem vínculos reais, sem perspectivas de carreira e, portanto, cada vez mais sem possibilidade de estabelecimento de objetivos de crescimento pessoal. Criam-se "castas" de pessoas, trabalhando no mesmo espaço, diferenciando-se pelos uniformes, pelas cores, muitas vezes pela ausência de conhecimento de seus nomes e sem perspectivas de continuidade do relacionamento interpessoal. Acredito ser um tremendo empobrecimento nas relações de trabalho, em prejuízo das pessoas "terceirizadas",  que dividem seus salários com seus pseudo-patrões. Se houver qualquer economia para as empresas que optam pela terceirização ao invés de contratarem diretamente seus funcionários, se considerados os custos humanos envolvidos, ou mesmo sem essa sofisticação, acredito que a economia não valha a pena, por mais que o senso comum vá de encontro à minha percepção!

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