domingo, 23 de outubro de 2011

O QUE REPRESENTA O IMPOSTÔMETRO?

Nossa imprensa se ocupa, com frequência, de divulgar dados do "Impostômetro" da Fiesp, mostrando seus números, como se representassem algo de relevante importância. A cara dos apresentadores de telejornais, de desconforto, surpresa, com a quantidade de algarismos citadas, é enigmática. Afinal, o que significa dizer o quanto se paga de impostos, em termos nominais? Ou mesmo, o que querem nos informar com os cálculos de quantos dias por ano é necessário trabalhar para pagar impostos? Penso que de trata de perigosa desinformação. Pagar impostos, num estado democrático, em que as pessoas pretendem circular pelas ruas e não viver penduradas em árvores,  é imprescindível, necessário, obrigatório, inexorável. Todos querem ter ruas asfaltadas, segurança, redes de água, esgotos, transporte, saúde, educação, tudo fornecido pelo Estado,  mesmo com as deficiências evidentes na prestação desses serviços, tal como prestados. O Estado, tal como constituído, não tem como existir sem os recursos provenientes dos impostos, que os cidadãos, que criaram esse Estado, pagam. Não existe alternativa. Quando algum iluminado resolve dizer que a sonegação é uma forma de contestar a qualidade da prestação desses serviços, argumento apresentado à exaustão na mídia, é porque quase ninguém entende a distinção entre Estado e Governo. Questionam-se os impostos pagos ao Estado, sem perceber que o que tem de ser indagado, fiscalizado, cobrado, é o Governo eleito, que gere tão mal esses recursos, considerando as assombrosas somas desviadas na corrupção instalada. O Estado continuará existindo, mas o Governo pode e deveria ser constantemente mudado, vigiado, acompanhado. Ao invés de blasfemar contra a fúria arrecadatória do Estado, por que o indignado cidadão não usa toda essa energia para escolher melhor seus representantes? E, mesmo depois de escolhidos, por que não existe uma vigilância, hoje possível, com dados disponíveis até na própria Internet, do que cada um está fazendo e suas consequências? Com um mínimo de vigilância, não haveria a possibilidade de figuras tão ignorantes, mal intencionadas, sendo reeleitas indefinidamente. Democracia e cidadania dão muito trabalho, mas seu exercício é a única solução para o fim da sonegação e da corrupção, pragas que não deixam as sociedades desiguais saírem dessa condição! O problema é que os jornais não podem "entediar" o espectador, senão os patrocinadores não vão gostar. Com a palavra, o cidadão-espectador!

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